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Inflação recua

Bolsas da Europa fecham em alta, após BCE sinalizar pausa no aperto monetário

Os mercados acionários também foram apoiados por cortes no compulsório bancário pelo Banco do Povo da China, em sinal de suporte para a recuperação econômica do país.

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15 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Bolsas da Europa fecham em alta, após BCE sinalizar pausa no aperto monetário
Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou em alta de 1,95%, aos 7.673,08 pontos

As bolsas da Europa fecharam em alta robusta na quinta-feira, 14, após o Banco Central Europeu (BCE) indicar pausa no aperto monetário, seguindo decisão de elevar suas taxas de juros em 25 pontos-base (pb). Mais cedo, os mercados acionários também foram apoiados por cortes no compulsório bancário pelo Banco do Povo da China (PBoC), em sinal de suporte para a recuperação econômica do país.

Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou em alta de 1,95%, aos 7.673,08 pontos; em Frankfurt, o DAX subiu 0,97%, aos 15 805,29 pontos; em Paris, o CAC 40 avançou 1,19%, aos 7.308,67 pontos; em Milão, o FTSE MIB teve ganhos de 1,37%, aos 28.872,73 pontos; em Madri, o Ibex 35 valorizou 1,46%, aos 9.562,90 pontos; e, em Lisboa, o PSI 20 ganhou 1,54%, aos 6.227,49 pontos. As cotações são preliminares.

A decisão do BCE de indicar pausa no aperto monetário – após elevar sua taxa de juros pelo décimo mês consecutivo – impulsionou as bolsas da Europa, em detrimento do euro e de rendimentos dos bônus europeus. Em nota, o BCE afirmou que os juros “alcançaram níveis que, se mantidos por período suficiente longo,” serão capazes de contribuir com o retorno sustentado da inflação à meta de 2%.

Em coletiva de imprensa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou esta mensagem e ressaltou que o novo foco dos dirigentes será a duração das taxas restritivas. Ainda, Lagarde afirmou não ser possível definir o nível atual como o pico dos juros, tendo em vista a necessidade de monitorar dados e equilibrar riscos para o crescimento, frente a rápida transmissão da política monetária, ao mesmo tempo em que controlam a inflação.

Em relatório, a Nordea chamou atenção para o tom “cauteloso” da instituição e projeta que o aumento anunciado na quinta foi o último do ciclo atual de aperto monetário, esperando manutenção da taxa básica até junho de 2024. O ING compartilha esta visão e aponta que o enfraquecimento da economia, somado a tração na tendência desinflacionária, deve dificultar argumentos para mais aperto monetário.

Analistas destacam ainda a falta de consenso entre os dirigentes e a consolidação do cenário de estagflação para a zona do euro. Na coletiva, Lagarde revelou que uma “maioria sólida” aprovou a decisão de elevar juros, mas que alguns dirigentes preferiam manter os juros, e alertou que os riscos para o crescimento da zona do euro são negativos. Junto da decisão, o BCE também divulgou suas projeções para o bloco, onde cortou previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e elevou expectativas para inflação.

No começo da manhã de quinta, o anúncio do PBoC sobre redução na taxa de compulsório bancário em 25 pb também deu fôlego para as bolsas europeias e incentivou o apetite por risco global como um todo, por sinalizar nova tentativa da China de impulsionar o seu crescimento econômico neste ano.

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta na quinta-feira, 14, após dados sobre a inflação dos Estados Unidos aliviarem preocupações sobre um eventual novo aumento dos juros norte-americanos.

O índice japonês Nikkei subiu 1,41% em Tóquio na quinta, a 33 168,10 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 1,51% em Seul, a 2.572,89 pontos, o Hang Seng assegurou modesto ganho de 0,21% em Hong Kong, a 18.047,92 pontos, e o Taiex registrou alta de 1,36% em Taiwan, a 16.807,56 pontos.

Já na China continental, os negócios ficaram mistos: o Xangai Composto subiu 0,11%, a 3.126,55 pontos, mas o menos abrangente Shenzhen Composto contrariou o viés positivo na Ásia e recuou 0,64%, a 1.917,02 pontos.

No fim da noite de quinta, após o fechamento deste texto, ainda estavam previstos indicadores sobre a indústria e varejo chineses. Pesquisa na quarta-feira mostrou que a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA acelerou para 3,7% em agosto, um pouco mais do que o esperado, mas também apontou moderação na inflação subjacente, que desconsidera preços de energia e alimentos.

Na esteira do CPI, prevaleceram expectativas de que os juros básicos dos EUA ficarão inalterados até o fim do ano. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anuncia decisão de juros na próxima semana.

Na Oceania, a bolsa de Sydney ficou no azul na quinta-feira, favorecida também por dados positivos do mercado de trabalho australiano. O S&P/ASX 200 avançou 0,46%, a 7.186,50 pontos.