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BoE mantém taxa de juros em 5% ao ano

A instituição avisou que os juros devem seguir restritivos por “tempo suficientemente longo”, até que se dissipem mais os riscos à volta sustentável da inflação à meta de 2% no Reino Unido.

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19 de setembro de 2024
BoE mantém taxa de juros em 5% ao ano
Foto: Reuters

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) manteve sua taxa básica de juros em 5% ano, após concluir reunião de política monetária na quinta-feira, 19. A decisão do BoE veio em linha com a expectativa dos analistas consultados pela reportagem. A manutenção dos juros pausa o ciclo de flexibilização monetária iniciado em agosto deste ano, na primeira redução das taxas vista desde março de 2020, durante a pandemia de covid-19.

No comunicado sobre a decisão de manter a política monetária inalterada, o Banco da Inglaterra (BoE) avisa que os juros devem seguir restritivos por “tempo suficientemente longo”, até que se dissipem mais os riscos à volta sustentável da inflação à meta de 2% no Reino Unido.

Na nota, a autoridade monetária defende que a “abordagem gradual” na remoção da restrição monetária permanece “apropriada”. “O Comitê continua a monitorar de perto os riscos de persistência da inflação” e decidirá o grau apropriado de restrição monetária a cada reunião”, informa.

Oito dos nove integrantes do Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) do Banco da Inglaterra (BoE) votaram a favor da manutenção da taxa básica de juros em 5,00% ao ano. Apenas Swati Dhingra divergiu da decisão, com preferência por uma redução em 25 pontos-base, a 4,75%. Por outro lado, todos os dirigentes referendaram a proposta de reduzir o balanço do BoE em 100 bilhões de libras pelos próximos 12 meses, para um total de 558 bilhões de libras.

O BoE explica que dados recentes trouxeram poucas novidades no Reino Unido em relação às projeções estabelecidas pela autoridade monetária em agosto. No comunicado sobre a decisão de manter juros em 5%, a instituição diz que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) britânico deve voltar ao ritmo de 0,3% por trimestre na segunda metade deste ano.

O BoE prevê ainda que a taxa anual do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) deve acelerar de 2,2% em agosto para 2,5% até o final do ano, à medida que a queda nos preços de energia deixa de ser incorporada no indicador anual. Para o BoE, a inflação de serviços “permaneceu elevada” no país.

O presidente do BoE, Andrew Bailey, ressaltou que a autoridade monetária deve ser cuidadosa no ciclo atual, de forma a evitar cortes rápidos ou profundos demais nos juros. Ele afirmou que os juros seguem em “trajetória gradual” de queda no Reino Unido, após a autoridade monetária pausar o ciclo de relaxamento e manter a taxa básica em 5%.

Em entrevista por vídeo a múltiplos veículos de imprensa, Bailey disse que a inflação já arrefeceu bastante desde o pico, o que permitiu o primeiro corte de juros em agosto. No entanto, agora serão necessárias evidências de maior progresso para justificar novo alívio.

“Ainda há algumas pressões. Temos visto que a inflação de serviços ainda está elevada”, disse o dirigente, que reforçou o compromisso do BoE com a estabilidade de preços. “Acho que os juros vão cair, estou otimista nessa frente, mas ainda precisamos ver mais evidências”, acrescentou.