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Inflação alta

BoE eleva juro básico para 4,25% e prevê novo aumento

Em comunicado, o BoE, Banco Central inglês, disse que a decisão sobre a alta do juro básico foi por 7 votos a favor e 2 contra.

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24 de março de 2023
Vinicius Palermo
BoE eleva juro básico para 4,25% e prevê novo aumento
O presidente do BoE, Andrew Bailey

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu elevar sua taxa básica de juros em 25 pontos-base, a 4,25%, após concluir reunião de política monetária na quinta-feira, como previsto pela maioria dos analistas.

Em comunicado, o BC inglês disse que a decisão sobre a alta do juro básico foi por 7 votos a favor e 2 contra. Os dirigentes contrários, Swati Dhingra e Silvana Tenreyro, votaram pela manutenção da taxa em 4%.

O BoE também reafirmou que novo aperto da política monetária será necessário se houver evidências de “mais pressões persistentes”.

O BC inglês também previu que medidas fiscais anunciadas pelo governo do Reino Unido impulsionarão o Produto Interno Bruto (PIB) britânico em cerca de 0,3% nos próximos anos. O BoE espera agora que a economia do país “cresça levemente” no segundo trimestre, ante uma projeção anterior de queda de 0,4%.

O BoE avaliou também que “incertezas em torno da perspectiva financeira e econômica aumentaram”, após a quebra de bancos regionais nos EUA e os recentes problemas enfrentados pelo Credit Suisse, e prometeu monitorar de perto as condições de crédito das famílias e empresas no Reino Unido. Segundo o BC inglês, o sistema bancário britânico permanece resiliente”.

A decisão do BoE veio um dia após dados mostrarem que a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) britânico voltou a acelerar em fevereiro, a 10,4%. A meta de inflação do BoE é de 2%.

O Banco da Inglaterra avalia, na ata de sua reunião de política monetária, que “não estava claro o quanto as condições de crédito e a atividade econômica podem ser afetadas pelo estresse recente no setor bancário em algumas economias avançadas”.

Ao avaliar o quadro internacional, o BC do Reino Unido aponta que havia expectativa de maior crescimento da China, após Pequim recuar em sua política mais rígida contra a covid-19, e também notícias positivas da demanda nos Estados Unidos e na zona do euro.

Por outro lado, acrescenta que continua a haver riscos de baixa à perspectiva. Ele diz ainda que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) continuava a recuar na zona do euro e nos EUA, mas acrescenta que o núcleo da inflação “tem se mostrado um pouco mais persistente do que havia sido esperado”.

O BoE menciona em sua ata “movimentações grandes e voláteis nos mercados financeiros” desde sua última reunião, em particular após a quebra do Silicon Valley Bank nos EUA no início de março, o que reflete preocupações sobre possíveis impactos mais abrangentes desses eventos. O BC também menciona a compra do Credit Suisse pelo UBS e o apoio oficial de bancos centrais pelo mundo para apoiar a liquidez e evitar mais turbulências.

O staff do BoE continua a esperar recuo de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido no primeiro trimestre, como em fevereiro, e para o segundo trimestre projeta leve crescimento, quando em fevereiro neste caso previa queda de 0,4%. O mercado de trabalho, enquanto isso, segue “apertado”.

Na inflação ao consumidor, o staff do BC projeta queda “significativa” no segundo trimestre, a uma taxa mais baixa do que a esperada em fevereiro. Ao mesmo tempo, a ata aponta que o comitê de dirigentes vê muitas incertezas no quadro e riscos “significativos” de alta para a inflação.

O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, afirmou na quinta-feira, 23, que acredita que a inflação do Reino Unido começará a desacelerar rapidamente antes do verão europeu. “Sabemos que as pessoas estão preocupadas com o custo de vida e com as altas taxas da inflação”, afirmou. Sobre a turbulência do sistema bancário global, Bailey afirmou que bancos do Reino Unido permanecem “sãos e salvos”.