O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, anunciou na manhã de segunda-feira, 27, a aprovação de um financiamento de R$ 117 milhões para ações de monitoramento, prevenção e resposta a desastres climáticos no município do Rio de Janeiro. O apoio do banco de fomento corresponderá a 90% do investimento total do projeto da Prefeitura do Rio, que somará R$ 130 milhões.
Segundo Mercadante, R$ 29 milhões serão investidos no Centro de Operações Rio (COR), que prevê, entre outras ações, um projeto para uso de inteligência artificial nas ações de monitoramento e resposta a desastres naturais.
“Você vai reconstruir o Rio no plano digital, e com isso vai poder utilizar inteligência artificial para poder processar e aprimorar esse sistema que já é tão bem feito”, disse Mercadante.
Os demais recursos serão investidos para melhorar o sistema já bem-sucedido do COR, afirmou Mercadante. “Queremos levar essa experiência do COR para o restante do Brasil. O BNDES quer pegar esse produto e transformar num produto para levar para o restante do Brasil”, anunciou.
Segundo o prefeito Eduardo Paes, o principal intuito do Centro de Operações da Prefeitura do Rio é “salvar vidas”. “É inaceitável que alguém morra porque não foi avisado de uma enchente, quando você tem um serviço de meteorologia”, defendeu Paes, no evento de divulgação do acordo, na sede do COR, na região central da capital fluminense.
Aloizio Mercadante lembrou que o Rio de Janeiro registrou recentemente episódios de sensação térmica de mais de 60ºC, mesmo no mês de maio, “totalmente atípico”, observou. Ao discorrer sobre os desafios do aquecimento global, Mercadante reafirmou que o BNDES participará da reconstrução do Rio Grande do Sul, que ainda sofre com a devastação pelas enchentes. O banco de fomento estaria pesquisando experiências de outros países que enfrentaram eventos climáticos extremos, como Japão, China e Indonésia.
“Vamos estudar a fundo para desenhar um plano de reconstrução para o Rio Grande do Sul, porque isso vai acontecer em outras ocasiões”, previu. “Se você constrói nas mesmas condições, vai ter depressão econômica, porque esse problema vai voltar. Precisa reconstruir inovando”, acrescentou.
Paes disse que a Prefeitura busca com o Centro de Operações evitar que os impactos na vida da população sejam tão grandes. “É uma alegria essa parceria com a ABNT, que nos dá um norte dos mais variados temas que devem ser modelos para diferentes atividades no Brasil. E muito obrigado ao BNDES por apoiar essas iniciativas para que a gente possa seguir avançando”, afirmou.
A “Prática Recomendada ABNT PR 1021 – Centro de Operações de Cidade – Implementação” é um protocolo que vai orientar qualquer cidade interessada em estabelecer equipamentos e procedimentos necessários para o enfrentamento de eventos extremos. O documento ajuda a reduzir a complexidade da gestão, aumentar a eficiência e aprimorar a tomada de decisões pelos órgãos públicos em cenários que possam causar riscos ou danos às regiões monitoradas e vai estar disponível no ABNT Catálogo.
“Recebemos visitas de todos os estados e municípios do país e há sempre a pergunta de como fazer e quanto custa a implementação de um equipamento como o COR. Chamamos a ABNT para criarmos esse instrumento que traz protocolos para cidades brasileiras de pequeno, médio e grande porte, que será um direcionador de políticas públicas de resiliência urbana para o Brasil”, explicou o chefe-executivo do Centro de Operações Rio, Marcus Belchior.
O Centro de Operações Rio é um equipamento de resiliência urbana criado pelo prefeito Eduardo Paes em dezembro de 2010. O equipamento foi estruturado com o objetivo de antecipar soluções e minimizar ocorrências de grande impacto na cidade, como chuvas fortes, deslizamentos e acidentes de trânsito com reflexos na mobilidade urbana. O complexo usa tecnologia de ponta para receber e analisar as informações em tempo real, 24 horas por dia, sete dias por semana.
“Essa norma é um guia de implementação desse sistema, pioneiro no Rio de Janeiro, para qualquer tamanho de cidade. A ABNT está à disposição para aprimorar e elaborar outras normas que forem necessárias, para ser exemplo do Brasil”, destacou o presidente da ABNT, Mario William Esper.
Inaugurado em 31 de dezembro de 2010, o COR passou por um processo de expansão no fim de 2022. Desde então, técnicos fazem uso do maior videowall da América Latina, com 104 m², composto por 125 telas de 55 polegadas, e uma abrangência significativa das áreas do município. O Centro de Operações Rio conta com 500 profissionais em três turnos, 24 horas por dia, monitorando as imagens geradas por mais de 3.500 câmeras espalhadas pela cidade.