Mundo
Aperto continua

BCE vê pressões inflacionárias ainda fortes, mas riscos mais equilibrados

O BCE também analisa que os riscos para as perspectivas de crescimento econômico e para a inflação tornaram-se mais equilibrados.

Compartilhe:
16 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
BCE vê pressões inflacionárias ainda fortes, mas riscos mais equilibrados
O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane. Crédito: Reuters

O Banco Central Europeu (BCE) destaca, em boletim publicado na quinta-feira, 16, que as pressões da inflação seguem fortes, em parte porque os altos custos de energia estão se espalhando em toda a economia. Entretanto, a instituição também analisa que os riscos para as perspectivas de crescimento econômico e para a inflação tornaram-se mais equilibrados.

“Em um nível global, pressões inflacionárias persistentes estão corroendo a renda disponível. Os gargalos nas cadeias da oferta globais continuaram a se normalizar, mas as interrupções na atividade econômica da China podem desencadear novos gargalos na cadeia”, destaca o BCE.

O documento ainda indica que, à medida em que a crise energética se tornar menos aguda, será necessário “reverter subsídios de apoio dos governos em linha com a queda dos preços”. Entretanto, uma possível recuperação econômica mais forte do que o esperado na China “poderia dar novo impulso aos preços das commodities e à demanda externa”.

O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, afirmou que a atual postura da política monetária “claramente” apertou as condições financeiras, mas a maior parte dos efeitos se materializará ao longo de 2023. Em discurso no Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social, o dirigente citou modelos que estimam que o processo de aumento de juros reduziu a inflação na zona do euro em cerca de 0,2 ponto porcentual em 2022.

Segundo ele, o impacto sobre a atividade econômica ocorrerá ainda mais cedo. “Aperto insuficiente resultaria em inflação persistentemente acima de nossa meta, enquanto aperto excessivo poderia resultar em superação e um retorno à inflação persistentemente abaixo da meta”, destacou o economista-chefe do BCE.

Lane acrescentou que, por causa do elevado nível de incertezas, o BCE deve manter “cabeça aberta” sobre o nível necessário de arrocho da política monetária.

“A calibração da orientação da política monetária precisa ser revista regularmente de acordo com as informações recebidas sobre a dinâmica da inflação subjacente”, ressaltou ele, que pontuou que o aperto reduzirá a inflação de volta à meta de 2%.

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Fabio Panetta disse que a instituição não deve se comprometer de maneira incondicional com futuras mudanças na política monetária.

“Em vez disso, precisamos calibrar nossa política monetária de uma forma que seja dependente de dados, voltada para o futuro e adaptável a novos desdobramentos”, afirmou Panetta, em discurso feito durante evento em Londres.

Panetta disse também que a extensão e duração do aperto monetário é mais importante agora que os juros do BCE estão entrando em território restritivo. Desde julho do ano passado, o BCE elevou seus juros básico em 3 pontos porcentuais.

Segundo Panetta, altas de juros menores podem garantir melhor calibragem da política monetária. No último dia 2, o BCE aumentou seus juros em 50 pontos-base e previu um ajuste da mesma magnitude para sua próxima reunião, em março. “Precisamos cada vez mais considerar o risco de apertar (a política monetária) demais”, alertou Panetta.

O BCE destaca que as próximas decisões do comitê de política monetária serão definidas a cada reunião e a partir de dados econômicos.

Segundo a instituição, os salários estão crescendo mais rapidamente, “apoiados por mercados de trabalho robustos, com a alta inflação se tornando o tema principal nas negociações salariais”.

Ao mesmo tempo, a entidade aponta que os últimos dados estão em linha com as projeções do BC europeu.

O documento também reafirma o compromisso do Conselho do BCE de manter as altas de juros em um ritmo constante e em níveis suficientemente restritivos para garantir um retorno da inflação à sua meta de 2% ao ano.