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Crédito difícil

BCE vai manter ciclo de alta de juros para trazer inflação à meta

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou na quinta-feira que a inflação na zona do euro permanece muito alta

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02 de junho de 2023
Vinicius Palermo
BCE vai manter ciclo de alta de juros para trazer inflação à meta
Segundo Lagarde, as altas de juros já estão afetando as condições de empréstimos dos bancos, mas ainda não há evidência clara de que o núcleo da inflação já tenha atingido o pico.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou na quinta-feira que a inflação na zona do euro permanece muito alta e que o BCE ainda tem “terreno a cobrir” para levar os juros a “níveis suficientemente restritivos”.

Em discurso feito na cidade alemã de Frankfurt, Lagarde disse que o BCE precisa continuar seu ciclo de aumentos de juros para trazer a inflação de volta à meta oficial de 2%, uma vez que a instituição continua insatisfeita com a perspectiva dos preços.

Segundo Lagarde, as altas de juros já estão afetando as condições de empréstimos dos bancos, mas ainda não há evidência clara de que o núcleo da inflação já tenha atingido o pico.

Lagarde fez o discurso pouco após a publicação dos últimos dados de inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro. A taxa anual do CPI do bloco desacelerou para 6,1% em maio, ante 7% em abril, de acordo com estimativa preliminar da Eurostat, ficando abaixo da previsão de analistas.

Os dirigentes do BCE consideram que a última decisão de alta de 25 pontos-base (pb) nos juros permitiria ao Conselho seguir elevando as taxas por mais tempo, apesar de vários membros inicialmente expressarem preferência por uma elevação de 50 pb, por verem o risco de apertar demais como menor que o risco de apertar pouco. A avaliação consta na ata da última decisão de política monetária do BCE, publicada na quinta-feira, dia 1º.

Segundo o documento, a ação de alta nos juros foi “necessária” para levar as taxas para um território “suficientemente restritivo” e garantir o retorno da inflação à meta de 2%.

Já a diminuição do ritmo de elevação refletiu incertezas sobre o impacto das decisões passadas, apesar da resiliência da economia da zona do euro. Assim, a alta menor foi considerada como “prudente”, com os riscos de um aperto maior superando os benefícios, diz a ata.

No entanto, dirigentes também avaliaram a força do núcleo da inflação, que não deve desacelerar “suficientemente cedo”, de forma que mais aumentos seriam justificados. Sobre a recente turbulência nos mercados financeiros, a ata indica que dirigentes a consideraram curta, sem exercer muito impacto nem necessidade de aperto adicional significativo.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse que o BCE já implementou a maior parte do aperto em sua política monetária para trazer a inflação de volta à meta oficial de 2%, embora o ciclo não tenha sido concluído ainda. “Uma boa parte da jornada foi feita, mas ainda há o trecho final”, afirmou Guindos. Segundo ele, o BCE está no rumo certo para controlar a inflação, mas segue “muito distante” de cumprir a meta de 2%.