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BCE reduz as taxas de juros em 25 pontos-base

Desta forma, a taxa de depósito foi reduzida de 4% para 3,75%, a de refinanciamento, de 4,50% para 4,25%, e a de empréstimos, de 4,75% a 4,50%.

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07 de junho de 2024
Vinicius Palermo
BCE reduz as taxas de juros em 25 pontos-base
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde

O Banco Central Europeu (BCE) cortou suas principais taxas de juros em 25 pontos-base, após concluir reunião de política monetária na quinta-feira, 6. Desta forma, a taxa de depósito foi reduzida de 4% para 3,75%, a de refinanciamento, de 4,50% para 4,25%, e a de empréstimos, de 4,75% a 4,50%.

Trata-se da primeira redução da taxa de depósito desde setembro de 2019. Os demais juros haviam sido cortados pela última vez em março de 2016. O corte das taxas, que até então vinham sendo mantidas em níveis recordes desde setembro do ano passado, veio em linha com a previsão de analistas.

Em comunicado, o BCE avaliou que é apropriado agora moderar o grau de restrição da política monetária, mas ressaltou que as taxas continuarão em “níveis suficientemente restritivos pelo tempo que for necessário”.

O BCE também reiterou que continuará se apoiando no comportamento de dados econômicos para tomar futuras decisões de política monetária e que não se comprometerá com uma trajetória futura específica para os juros.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou que não está se comprometendo previamente com uma trajetória para os juros na zona do euro. Em coletiva de imprensa, Lagarde reiterou que as decisões monetárias devem seguir dependentes de dados e manterão na política restritiva pelo “tempo necessário para garantir retorno da inflação à meta”.

A autoridade ponderou que as expectativas para inflação têm recuado em todos os horizontes e que a perspectiva para os preços teve melhora evidente no bloco, demonstrando que este é o momento “apropriado para moderar o nível de restrição”. Dessa forma, os juros pesarão menos na demanda ao longo do tempo e a economia continuará a se recuperar.

No entanto, Lagarde alertou que as pressões inflacionárias domésticas seguem fortes e que a inflação na zona do euro deverá permanecer acima da meta de 2% no início de 2025.

“Estamos prontos para ajustar todas as ferramentas de acordo com nosso mandato e determinados a garantir que a inflação retorne à meta de 2%”, afirmou Largarde.

Sobre os ajustes, a presidente do BCE pontuou que os dirigentes podem elevar ou manter os juros restritivos por tempo prolongado, se a inflação voltar a subir no bloco ou o cenário global piorar.

Por outro lado, o relaxamento da política estaria condicionado a melhora do cenário da inflação, que será analisado a cada reunião do banco central, apontou Lagarde.

A presidente do Banco Central Europeu afirmou que a estabilidade nas projeções de inflação colaborou para a decisão de cortar juros em 25 pontos-base, ao ser questionada durante coletiva de imprensa. “Nossa confiança sobre a trajetória adiante cresceu”, adicionou a autoridade.

Lagarde ressaltou as projeções do BCE, que preveem desaceleração da inflação rumo à meta ao longo do segundo semestre de 2025.

A dirigente também destacou que as expectativas inflacionárias de longo prazo demonstram estabilidade e estão, em geral, na meta. Ao mesmo tempo, os riscos para o crescimento são de baixa no médio prazo, mas estão equilibrados no curto prazo, visto que o setor de serviços permanece em expansão e o industrial estável em níveis fracos.

A presidente do BCE, entretanto, observou que a inflação doméstica segue alta e que os salários crescem em ritmo elevado, indicadores que tem “importância demasiada” para decisões monetárias.

Lagarde apontou que a inflação de serviços subiu de modo acentuado na leitura preliminar de maio e que espera uma oscilação nos custos de emprego na faixa atual no médio prazo.

De acordo com ela, também existem outros riscos consideráveis para o cenário econômico projetado pelo BCE. Lagarde destacou que a guerra na Ucrânia continua um risco geopolítico importante, assim como a escalada nas tensões comerciais entre potenciais globais e a crise climática, que poderiam afetar sobre as dinâmicas de crescimento e preços na zona do euro.

A presidente do Banco Central Europeu afirmou ainda que a zona do euro está “distante” do nível de juros neutros e que há uma longa trajetória a percorrer até alcançá-lo, mas ponderou que este não é o foco no momento. A dirigente ressaltou que o objetivo do banco central é conter a inflação e restaurar a estabilidade de preços em 2%. “Não vemos necessidade de mudar essas metas”, disse, observando que isso não implica em ignorar outras questões como, por exemplo, assuntos relacionados ao clima.

Lagarde também apontou que os custos financeiros têm oscilado em níveis restritivos e que a dinâmica de crédito segue fraca, graças à transmissão do aperto na política monetária, necessário para controlar a inflação.

Sobre estabilidade financeira, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, comentou que o banco central analisará questões prudenciais e de solvência nas negociações entre instituições bancárias.