Mundo
Desaceleração

BCE prevê que inflação deve seguir em queda

A instituição entende que a ainda elevada escalada de salários e a redução na produtividade mantêm as pressões de preços ainda altas, embora esses fatores também estejam perdendo força.

Compartilhe:
08 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
BCE prevê que inflação deve seguir em queda
O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane

A inflação na zona do euro segue em tendência descendente e deve continuar em queda ao longo de 2024, prevê o Banco Central Europeu (BCE), em seu boletim econômico divulgado na quinta-feira, 8. A autoridade monetária atribui o movimento à dissipação de choques de energia, ao arrefecimento dos gargalos nas cadeias produtivas e aos efeitos dos juros restritivos.

A instituição entende que a ainda elevada escalada de salários e a redução na produtividade mantêm as pressões de preços ainda altas, embora esses fatores também estejam perdendo força.

“As medidas das expectativas de inflação a mais curto prazo desceram acentuadamente, enquanto as das expectativas de inflação a mais longo prazo se situam, na sua maioria, em torno de 2%”, acrescenta o BCE.

Estagnada ao final de 2023, a economia da zona do euro enfrenta uma série de riscos negativos à frente, segundo o boletim. Ainda assim, o BCE ressalta que indicadores preliminares sugerem uma “modesta” melhora na atividade neste primeiro trimestre, antes de acelerar gradualmente ao longo do restante do ano.

De acordo com a instituição, o desempenho até o momento reflete a fraqueza prolongada no comércio global e os efeitos do aperto monetário recente.

O documento também chama atenção para a resiliência do mercado de trabalho, embora alguns dados já apontem um esfriamento, como resultado da economia enfraquecida.

As condições de crédito apertaram de forma mais significativa no mercado imobiliário e na área da construção do que em outros setores na zona do euro, revela Banco Central Europeu no mesmo boletim econômico. “A demanda por empréstimos diminuiu em termos líquidos em todos os setores econômicos, especialmente no imobiliário e na construção”, reforça o documento.

Segundo a instituição, os bancos relatam uma melhora no acesso ao financiamento no atacado, mas um aperto no financiamento ao varejo e na securitização no curto prazo.

Medidas regulatórias e de supervisão contribuíram para um aumento na capitalização bancária, ao mesmo tempo em que houve um declínio no excesso de liquidez, ainda de acordo com o BCE.

O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, afirmou que, neste momento, a autoridade monetária tem tempo suficiente para aguardar os próximos dados e só depois decidir sobre eventuais cortes de juros.

Em evento do Brookings Institute, Lane reiterou que, no encontro do mês passado, havia um consenso entre dirigentes do BCE de que aquele não era o momento adequado para discutir o relaxamento da política monetária.

Segundo ele, há riscos dos dois lados da inflação – tanto para baixo quanto para cima – e também há o risco de pressões salariais.