O Banco Central Europeu (BCE) decidiu elevar suas principais taxas de juros em 50 pontos-base após concluir reunião de política monetária na quinta-feira, 2. A decisão era amplamente esperada por analistas do mercado financeiro.
Em comunicado, o BCE afirmou que pretende aumentar os juros em mais 50 pontos-base em março para, em seguida, “avaliar a trajetória subsequente de sua política monetária.
Segundo o BCE, os juros “ainda precisam subir significativamente e em ritmo constante”. Com a decisão de quinta, a taxa de refinanciamento do BCE passará de 2,50% a 3%, a de depósitos, de 2% a 2,50%, e a de empréstimos, de 2,75% a 3,25%.
O BCE também confirmou que irá reduzir a carteira do programa de compras de ativos (APP, na sigla em inglês) em ritmo de 15 bilhões de euros por mês, como já havia adiantado em dezembro.
“O declínio será de 15 bilhões de euros por mês, em média, de março até o final de junho de 2023 e seu ritmo subsequente será determinado ao longo do tempo”, destacou o banco. “O Conselho do BCE reavaliará regularmente o ritmo da redução da carteira do APP para garantir que permaneça consistente com a estratégia e postura geral da política monetária, para preservar o funcionamento do mercado e para manter o controle firme sobre as condições do mercado monetário de curto prazo”, completa o BCE.
Além disso, o BCE informou que a presença de mercado durante o período de reinvestimento parcial será focada em compras no mercado secundário. No entanto, emissores corporativos não bancários com melhor desempenho climático e títulos corporativos verdes continuarão a ser comprados no mercado primário.
“O Conselho do BCE decidiu uma maior orientação de emitentes com melhor desempenho climático durante o período de reinvestimento parcial. Esta abordagem apoiará a descarbonização gradual de empresas, em linha com os objetivos do Acordo de Paris”, conclui a instituição europeia.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse esperar que a atividade econômica na zona do euro permaneça fraca no curto prazo, embora esteja provando ser mais resistente do que se imaginava. Ela comentou também que as restrições de oferta estão diminuindo de forma constante.
Lagarde disse ainda que as pressões de preços permanecem fortes, em parte por causa da alta dos custos de energia, mas ressaltou que os preços de energia deverão subir menos do que foi previsto em dezembro. Segundo ela, as políticas fiscais podem intensificar as pressões inflacionárias.
A dirigente previu também que medidas de governos da zona do euro para ajudar consumidores e empresas a bancar suas contas de energia ajudarão a inflação a desacelerar.
O BCE elevou seus juros em 50 pontos-base, como esperado, e sinalizou um ajuste do mesmo tamanho para a reunião de março.
A presidente do Banco Central Europeu afirmou ainda que a instituição não chegará ao seu pico das taxas de juros em março. “Não diria que o processo desinflacionário já está em ‘jogo’. Temos que olhar para os custos de energia porque poderão se transmitir para a inflação”, destacou. E acrescentou: “Recuperação mais forte da China pode dar impulso aos preços das commodities.”
Lagarde disse também que, em todos os cenários, altas significantes de juros serão necessárias, em ritmo constante. Segundo ela, há um “consenso forte” sobre as intenções de alta de juros em março e ela não é “irrevogável”.
“Não penso em cenário que não tenha uma alta de 50 pontos-base em março, só em caso extremo. Sabemos que não terminamos e que precisaremos avaliar o ritmo de alta dos juros”, destacou a dirigente, durante coletiva de imprensa. “Nossas decisões continuarão a depender de dados”, acrescentou a repórteres.
Para a banqueira central, os riscos para o crescimento da economia ficaram mais equilibrados. “Recuperação mais forte da China pode dar impulso aos preços das commodities”, concluiu.