A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu na segunda-feira, 4, que transmitir que a inflação retornará à meta de 2% na zona do euro é vital para manter expectativas de médio prazo ancoradas e reforçar a confiança na instituição.
Em discurso no Centro Europeu de Economia e Finanças, Lagarde destacou que o ambiente de inflação muito elevado na zona do euro amplia a atenção de consumidores nas ações e comunicação do banco central.
“O atual nível de atenção aos preços representa um desafio e uma oportunidade para os bancos centrais”, pontua a presidente da instituição europeia.
Entre os desafios para uma comunicação monetária eficaz, Lagarde destaca a competição por atenção com outros veículos e declínio generalizado na confiança.
O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, disse que o BCE está próximo de reduzir a inflação à meta de 2%, e acrescentou que o problema agora é que o risco de “fazer demais” na política monetária começa a ser material.
Segundo Centeno, caso não haja novos choques econômicos e com a transmissão da política monetária à economia, o objetivo de controlar a inflação é alcançável em um futuro próximo.
Em análise publicada na segunda no site do BC português, o presidente afirma que, quando “assegurada a convergência para a estabilidade de preços, a política monetária deverá traçar um caminho de redução das taxas de juros, mas longe dos tempos de taxas de juro zero ou mesmo negativas”.
O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) Fabio Panetta ressaltou ainda que a emissão do euro digital seria uma oportunidade, e não um risco, para o setor financeiro europeu. Panetta reforçou também que maior cooperação entre instituições é necessária para otimizar o design e estrutura de aplicação do euro digital.
Panetta também comentou sobre as propostas de legisladores para a moeda digital soberana (CBDC, na sigla em inglês), afirmando que o projeto “será tão ambicioso quanto o parlamento desejar, em conformidade com o quadro legislativo adotado”.
O dirigente lembra que o projeto ainda está em fase de estudos pelo BCE e sua emissão ocorreria somente caso a próxima fase seja aprovada pelo Conselho Monetário do banco central, após eventual aprovação legislativa.
Ele também lembra que o objetivo não é substituir o dinheiro físico e, sim, ampliar a presença da moeda soberana no ambiente digital, atualmente dominado por setores privados.
Integrante do Conselho do BCE, Joachim Nagel afirmou que as decisões da instituição não têm o lucro ou o prejuízo dos bancos comerciais como “foco primário”. O mandato do BCE é a estabilidade de preços, “não deixar os bancos felizes”, comentou.
Nagel foi questionado se o BCE não deveria fazer algo para ajustar o fato de que sua política monetária potencializa excesso de bancos comerciais.
Ele lembrou que houve um corte nos juros sobre reservas recentemente adotado pelo BCE, e acrescentou que isso era necessário por questões de política monetária.
Ao mesmo tempo, Nagel enfatizou a importância da flexibilidade dos bancos centrais, para responder de modo adequado a cada contexto.