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Inflação alta

BCE admite que a alta de juros de março não será a última

Em discurso, autoridade do BCE disse ainda ser “muito possível” que as taxas de juros “tenham de seguir elevadas por um bom tempo

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04 de março de 2023
Vinicius Palermo
BCE admite que a alta de juros de março não será a última
Sede do BCE em Frankfurt, na Alemanha.

Membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Madis Muller afirmou na sexta-feira, 3, ser “mais provável” que a alta de 50 pontos-base já indicada para a reunião de março da instituição não seja a última. Em discurso, a autoridade disse ainda ser “muito possível” que as taxas de juros “tenham de seguir elevadas por um bom tempo, para que possamos garantir que a inflação retorne e permaneça perto de 2%”, a meta do BCE.

Muller comentou que o índice cheio da inflação recuava no fim do ano passado, sobretudo graças ao setor de energia. “Mais preocupante, porém, é que o núcleo da inflação seguiu persistentemente elevado, em mais de 5%, conforme as pressões de preços subjacentes ainda não recuavam”, acrescentou o membro do conselho do BCE.

O dirigente defendeu um foco em efeitos secundários da inflação, e em evitar que grandes saltos temporários dos preços, como os vistos em energia e alimentos, contaminem outros preços da economia, os custos com trabalho e as expectativas inflacionárias.

Caso isso ocorresse, poderia haver uma espiral de altas nos preços salariais, o que impediria a inflação de recuar de volta à meta de médio prazo após os choques temporários perderem força, advertiu.

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse na sexta-feira também que a trajetória dos juros na zona do euro irá depender dos dados econômicos que vierem depois da reunião de política monetária da instituição em março. Ele ressaltou, porém, não ter como prever o quanto os juros do BCE subirão ainda. No início de fevereiro, o BCE elevou seus juros em 50 pontos-base e previu um aumento da mesma magnitude para o encontro deste mês.

Guindos, que falou durante evento da Cunef Universidad, comentou também que a economia da zona do euro está indo melhor do que o BCE havia previsto em dezembro e que diminuíram os temores de que o bloco entre em recessão. Ele disse ainda que o BCE espera que a inflação continue desacelerando, mas admitiu que seu núcleo poderá ter comportamento mais estável. Até meados do ano, a taxa anual da inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro poderá estar abaixo de 6%, previu Guindos.