Economia
Exageros

BC não trabalha só com o termômetro do que está precificado

Campos Neto reiterou que a autarquia está focada na convergência da inflação para a meta e que o BC fará o que for preciso para atingir o seu alvo.

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24 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
BC não trabalha só com o termômetro do que está precificado
O presidente do Banco Central disse ainda que o mercado financeiro global tem reagido melhor ao cenário de crises do que se imaginava.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, frisou nesta quinta-feira, 24, que a autoridade monetária não trabalha apenas com o termômetro do que está precificado pelos agentes financeiros e que os preços de mercado “estão exagerados”.

“Olhamos tudo, as reuniões do BC são baseadas em critérios técnicos”, afirmou a jornalistas em Washington, em coletiva conjunta com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o G20.

Campos Neto reiterou que a autarquia está focada na convergência da inflação para a meta e que o BC fará o que for preciso para atingir o seu alvo.

O presidente do Banco Central disse ainda que o mercado financeiro global tem reagido melhor ao cenário de crises do que se imaginava.

“Com a guerra na Ucrânia, esperávamos uma ruptura muito maior. Com a situação do Oriente Médio, esperávamos os preços do petróleo muito mais altos do que está”, frisou Campos Neto.

O presidente do Banco Central afirmou que quem tem de falar sobre fiscal é o ministro da Fazenda e que não é a sua função dar dicas. “Quem tem de falar sobre o fiscal é o ministro e eu não passo dicas. Na verdade, conversamos sobre cenário econômico”, comentou Campos Neto, durante entrevista coletiva em Washington, ao ser questionado sobre o pacote de corte de gastos em estudo pelo governo.

Campos Neto disse que o importante não são as condições que o Banco Central espera. “Na verdade, o fiscal é importante para o Banco Central porque afeta variáveis econômicas que fazem parte do nosso framework, fazem parte das variáveis que influenciam a nossa tomada de decisão”, explicou.

E acrescentou: “É por isso que falamos de visão fiscal; porque temos de explicar a nossa função e reação para o mercado de forma transparente.”

Campos Neto mencionou ainda que deve haver alguns anúncios no curto prazo que vão encaminhar, em parte, a reação do mercado em relação ao tema fiscal no País.

Haddad afirmou que o arcabouço fiscal brasileiro não precisa ser reformulado, mas reforçado. “Do meu ponto de vista, não se trata de ser reformulado, se trata de ser reforçado, garantir aos agentes econômicos, trabalhadores, empresários, cidadãos de uma maneira geral, investidores, que aqueles termos, aqueles parâmetros são críveis dinamicamente, no médio e no longo prazo”, explicou ele, em coletiva de imprensa do G20 Brasil, em Washington.

Haddad disse que o que está em estudo pelo governo são as medidas necessárias para que haja um reforço dos parâmetros do arcabouço fiscal. “É esse o caminho que nós devemos tomar”, concluiu.