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Barkin diz que pouso suave é cada vez mais possível, mas não é garantido

Segundo ele, quatro riscos centrais ainda rondam a economia americana e podem eventualmente exigir ações de política monetária.

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03 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Barkin diz que pouso suave é cada vez mais possível, mas não é garantido
O presidente do Federal Reserve (Fed) de Richmond, Tom Barkin

O presidente do Federal Reserve (Fed) de Richmond, Tom Barkin, afirmou na quarta-feira, 3 que um cenário de “pouso suave é cada vez mais possível” nos Estados Unidos, mas não é garantido. Segundo ele, quatro riscos centrais ainda rondam a economia americana e podem eventualmente exigir ações de política monetária.

Barkin alerta que a economia pode, por exemplo, perder o impulso visto em 2023, à medida que os efeitos das condições financeiras sejam transmitidos, ou ser abalada por turbulências inesperadas, como eventos geopolíticos ou estresses financeiros. O contrário também seria um risco, caso o crescimento acima da tendência persista e atrase o pouso da economia.

Além disso, o dirigente nota que a inflação poderia persistir acima da meta de 2% ou baixar apenas no que se refere à bens, o que dificultaria o trabalho do BC americano. “A inflação de serviços permanece elevada e temo que mais precisa acontecer para reduzir a demanda, seja de forma orgânica ou por meio de ação do Fed, para convencer negócios a reduzir preços”, pontuou, em discurso preparado para evento da Câmara Municipal de Raleigh.

Deste modo, Barkin não descarta “potenciais aumentos nas taxas de juros” e defende que é “inaceitável” alterar a meta de inflação – por exemplo, para 3% – até que o banco central consiga reduzir os preços para o objetivo atual. De acordo com ele, isto é crucial manter a credibilidade do BC americano e os dirigentes farão “o que for necessário para retornar inflação à 2%”.

“É importante ressaltar que não tomaremos decisões de modo automático, seguiremos dependentes de dados”, concluiu o dirigente, que vota nas reuniões monetárias do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deste ano.

A chance do Fed iniciar o ciclo de relaxamento monetário já este mês diminuiu nas últimas horas, conforme indica a plataforma do CME Group que monitora o comportamento da curva futura. Para o fim do ano, a ferramenta ainda aponta cenário mais provável de corte acumulado de 150 pontos-base nos juros.

A probabilidade de a taxa básica seguir entre 5,25% e 5,50% na reunião de janeiro era de 91,2% por volta das 12h20 (de Brasília) de quarta-feira, 3, comparado com 87,6% da véspera. Como consequência, a hipótese de haver uma redução recuou de 12,4% para 8,8%.

Para março, o quadro que aparece com mais força ainda é de um afrouxamento monetário, mas houve uma diminuição, de cerca de 80% para 72,6% agora. Até o final deste ano, a precificação mais forte é a de um corte para 3,75% a 4,00%. Neste caso, o mercado reduziu a aposta por uma baixa mais agressiva, de 175 pontos-base (de 28,5% a 25,2%).