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Decisão dividida

Banco da Inglaterra (BoE) mantém taxa básica de juros em 5,25%

Em comunicado, o BoE aponta que, desde novembro, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) no Reino Unido tem desacelerado, “em geral em linha com o esperado”.

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14 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
Banco da Inglaterra (BoE) mantém taxa básica de juros em 5,25%

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu na quinta-feira, 14, manter sua taxa básica de juros em 5,25%, em decisão dividida, por seis votos a três. Três dos dirigentes preferiam elevar a taxa em 25 pontos-base. Em comunicado, o BoE aponta que, desde novembro, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) no Reino Unido tem desacelerado, “em geral em linha com o esperado”.

O BC britânico diz que a trajetória da inflação no curto prazo está “um pouco mais baixa” do que o projetado em novembro, mas acrescenta que ela deve seguir perto ou na faixa atual no futuro próximo. Os preços de energia, de alimentos e do chamado núcleo dos bens provocam o freio na inflação, mas o setor de serviços segue com preços elevados, destaca.

Segundo o BoE, ainda há riscos de alta para os preços, sobretudo por causa do quadro no Oriente Médio, diante do conflito entre Israel e o Hamas. Ao mesmo tempo, o comunicado lembra que houve recuo recente nos preços do petróleo.

O BoE diz que sua projeção vista como mais provável é que o CPI retorne à meta de 2% até o fim de 2025 e que recue abaixo da meta depois disso. “O Comitê continua a julgar que os riscos à projeção modal da inflação são de alta, com projeção para inflação do CPI em 2,2% no horizonte de dois anos e de 1,9% no horizonte de três”, diz o comunicado.

O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, destacou, depois de manter as taxas inalteradas na reunião de dezembro, que as elevações de juros anteriores pela autoridade monetária já estão funcionando e a inflação está “se movendo na direção desejada”, apesar de ainda estar longe da meta de 2% ao ano.

Em vídeo divulgado pelo BoE, Bailey ressalta o progresso na queda da inflação de energia e de alimentos, mas é incisivo ao pontuar que a autoridade fará “o que for preciso” para atingir seu objetivo de trazer a inflação à meta.

O presidente do BoE comentou que a decisão de manter os juros em 5,25% reflete o recente arrefecimento nas pressões inflacionárias e outros sinais de que a política restritiva está funcionando. “Mas ainda temos caminho a percorrer. Mais aperto na política monetária pode ser necessário se houver evidência de pressões de preços mais persistentes”, alertou, em carta aberta ao ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt.

Bailey reiterou que os juros permanecerão em nível restritivo por tempo o suficiente para garantir que a inflação retorne à meta de 2%.

Ele destacou que as pressões domésticas de preços seguem elevadas, apesar de redução na pressão externa. Na visão do dirigente, este cenário resulta do mercado de trabalho apertado e da inflação de serviços ainda elevada.

O BoE vai monitorar “cuidadosamente” dados macroeconômicos nos próximos meses, afirmou Bailey, em busca de “indícios de persistência da inflação e de resiliência da economia como um todo”.

Entre as áreas monitoradas, Bailey destacou as condições do mercado de trabalho, crescimento salarial e inflação dos preços de serviços.