Economia
Financiamento

Autoridades discutem maneiras de acionistas contribuírem com capital do Banco Mundial

Em discurso, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, defendeu a entrega de “uma agenda mais complexa” de melhorias

Compartilhe:
10 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Autoridades discutem maneiras de acionistas contribuírem com capital do Banco Mundial
A Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmou na terça-feira, 10, que autoridades estão discutindo maneiras de acionistas contribuírem com capital do Banco Mundial, durante a Reunião Anual da instituição e do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta semana, em Marrakesh.

Em discurso, Yellen defendeu que entregar “uma agenda mais complexa” de melhorias que inclua metas de redução da pobreza, fortaleça o crescimento econômico e resolva desafios globais requer impulsionar capacidade financeira do Banco Mundial e de outros bancos multilaterais de desenvolvimento. Progresso que deve ocorrer “em breve”, na visão dela.

“Nesta semana, autoridades aprovarão uma plataforma de garantia de portfólio para oferecer aos acionistas maneiras de contribuir e estabelecer bases para emissão de capital híbrido, essencial para otimizar os balanços patrimoniais do Banco Mundial e aumentar sua capacidade de concessão financeira”, revelou Yellen, acrescentando que o G20 também está comprometido a mobilizar mais recursos. A secretária afirmou ainda que espera ampliar colaboração em reformas da arquitetura financeira internacional sob a presidência do Brasil no G20.

Entretanto, a autoridade lembrou que apenas o financiamento de bancos multilaterais de desenvolvimento não será suficiente para atingir todas as metas, o que exige suporte a outros meios de investimentos – por exemplo, por meio do setor privado – e demanda “mudanças adicionais” no FMI também. “Queremos garantir que o FMI tenha recursos suficientes, com um aumento equitativo e proporcional nas cotas e redução na dependência de recursos emprestados”, comentou.

Porém, Yellen reiterou sutilmente a resistência dos Estados Unidos em ampliar a participação de rivais, como a China, ao afirmar que o apoio a uma reformulação das cotas para refletir a economia global só poderia acontecer “com base em uma estrutura de princípios compartilhados”.

Também presente no evento, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, comentou que o processo de recuperação econômica pode ser destruído em uma semana em função de guerras, independente do país envolvido. Isto porque os conflitos geram choques e impactam as cadeias globais, pontuou a dirigente.

Em painel sobre fragmentação global, Lagarde falou sobre os benefícios econômicos de resoluções políticas de conflitos e das estratégias de “friend-shoring” ou “near-shoring” para crescimento mútuo entre países parceiros, em um cenário geopolítico incerto.

O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, afirmou que não há financiamento suficiente na instituição para lidar os múltiplos desafios que ela está enfrentando globalmente. Em evento com a sociedade civil em Marrakesh, no Marrocos, Banga disse que é preciso aumentar as verbas destinadas ao organismo. Segundo o presidente, no último ano, o Banco Mundial teve US$ 120 bilhões para investir ao redor do mundo, um valor que deveria estar na casa de trilhões. “Precisamos envolver o setor privado nos projetos”, apontou.

Banga respondeu ainda alguns questionamentos sobre a continuidade dos investimentos em projetos que envolvem combustíveis fósseis por parte do Banco Mundial. O presidente contestou as críticas, e disse que a maior parte das verbas da instituição estão voltadas para energias renováveis e a transição energética, e apontou que apenas uma pequena parcela dos investimentos foi feita em gás natural.