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Anderson Torres não comparece à CPI e depoimento é remarcado para próxima semana

Anderson Torres está preso e a lei não permite que sejam feitas conduções coercitivas de investigados para depoimentos.

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10 de março de 2023
Vinicius Palermo
Anderson Torres não comparece à CPI e depoimento é remarcado para próxima semana
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, está preso por conta das investigações dos atos golpistas de 8 de janeiro.

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres não compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que ouviria seu depoimento na quinta-feira, 9. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, havia determinado na terça-feira, 7, que Torres poderia ficar em silêncio durante o depoimento.

Na decisão, o magistrado esclareceu que o ex-ministro poderia comparecer se quisesse, já que Torres está preso e a lei não permite que sejam feitas conduções coercitivas de investigados para depoimentos.

O presidente da comissão, o deputado Chico Vigilante (PT-DF), apresentou requerimento para que o ex-secretário seja ouvido na próxima quinta-feira, 16, em sessão reservada. “Ele disse que tem muito a falar, então queremos que ele fale. Estamos colocando todas as condições para que ele venha, por isso estou apresentando esse requerimento”, disse Vigilante.

Segundo a Câmara Legislativa, não haverá transmissão ao vivo e nem presença da imprensa. Apenas membros da comissão e servidores selecionados poderão acompanhar o depoimento. Ao ser questionado pelo deputado Hermeto Neto (MDB-DF), relator do caso, Vigilante prometeu divulgar posteriormente as informações.

Anderson Torres está sendo investigado por suposta omissão durante a invasão às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro em Brasília. O ex-ministro estava de férias nos Estados Unidos quando apoiadores do presidente Bolsonaro depredaram o local. Ele está preso desde o dia 14 de janeiro no Batalhão de Aviação Operacional, no 4º Batalhão de Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), no Guará.

O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves, pediu autorização ainda ao ministro Alexandre de Moraes para ouvir o ex-ministro da Justiça em ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível.Bolsonaro é inves

tigado por ataques ao sistema eleitoral realizados em reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada em julho do ano passado. O corregedor quer ouvir Torres a respeito do seu eventual envolvimento na reunião e sobre as circunstâncias relativas à chamada “minuta de golpe” apreendida em sua casa pela Polícia Federal. A inclusão do documento como prova contra Bolsonaro na investigação foi aprovada por unanimidade pelo TSE no mês passado.

Se autorizada, a oitiva deve ser realizada em 16 de março, por videoconferência. O depoimento depende do aval de Moraes porque Torres está preso no âmbito de inquérito sob sua relatoria. O ex-secretário é suspeito de omissão na condução das forças de segurança pública em 8 de janeiro, quando extremistas invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília.

Gonçalves marcou para o mesmo dia, na sede do TSE, depoimentos do coronel Eduardo Gomes da Silva e os servidores da Polícia Federal Ivo de Carvalho Peixinho e Mateus de Castro Polastro.

No âmbito dessa investigação, que é a mais avançada entre as 16 Ações de Investigação Eleitoral (Aijes) que tramitam contra Bolsonaro na Corte eleitoral, também já foi ouvido o ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira.