Economia
Parcimônia

Alckmin prevê redução forte da Selic

Alckmin disse a jornalistas que as reformas em curso, necessárias para o País crescer com menos pressões inflacionárias, abrem espaço a um corte inicial forte da Selic.

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31 de julho de 2023
Vinicius Palermo
Alckmin prevê redução forte da Selic
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.

O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou na segunda-feira, 31, o coro por um corte de 0,5 ponto porcentual da taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana. Após participar, em São Paulo, da abertura de um fórum sobre investimentos entre Brasil e Arábia Saudita, Alckmin disse a jornalistas que as reformas em curso, necessárias para o País crescer com menos pressões inflacionárias, abrem espaço a um corte inicial forte da Selic.

“Entendemos que tem todas as condições para ter uma redução forte da taxa Selic. Acho que o Brasil está vivendo um bom momento e fazendo as reformas” declarou o vice-presidente. Segundo ele, o arcabouço fiscal ajuda a reduzir os juros ao estabilizar a dívida, apesar da avaliação de economistas de que o endividamento público seguirá aumentando, mesmo com o novo limite às despesas.

Mais cedo, durante discurso na abertura do fórum, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Alckmin salientou que o momento favorável, com crescimento acima do previsto da atividade, redução do desemprego, apreciação do real e valorização da bolsa, deve servir de estímulo para o Brasil investir mais em reformas estruturantes, além de buscar maior eficiência econômica.

A uma plateia formada por empresários da indústria paulista, Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, reiterou que a reforma tributária, agora em tramitação no Senado, vai estimular o setor, por reduzir o custo de produzir no Brasil, e desonerar tanto os investimentos quanto as exportações. “Vai fazer a diferença.”

Ele frisou também em seu discurso que o arcabouço fiscal vai assegurar uma redução da dívida pública, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), a partir do ano que vem, com a geração de superávits primários nas contas públicas.

Na avaliação da XP Investimentos, o conjunto de dados segue favorável e a expectativa é que o Copom inicie o ciclo de cortes da taxa Selic na quarta-feira, dia 2, na reunião de agosto, com uma redução inicial de 0,25 ponto porcentual, levando o juro a 13,50%.

“Entendemos que a divisão entre um corte inicial de 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto porcentual que se observa no mercado também aparecerá nos votos dos membros do Copom”, escreve a XP. “Entendemos que pelo menos um diretor votará por um corte de 0,50 ponto.”

A XP reitera, no entanto, sua projeção de um corte de 0,25 ponto A corretora defende que esse porcentual é mais provável por ser consistente com a sinalização recente de “cautela e parcimônia” do Copom, com as expectativas de inflação ainda acima das metas e com a incerteza acerca do grau de desaceleração da demanda interna. Ela também cita que as medidas de aumento de arrecadação ainda não se mostraram suficientes para equilibrar o déficit público.

“Entendemos que na reunião de setembro o comitê terá mais elementos para calibrar o ritmo de redução de juros, com mais confiança de que a inflação convergirá à meta”, emenda. “Em nosso cenário, o ritmo acelera para 0,50 ponto e se mantém nas reuniões seguintes.”

Os cálculos da XP indicam que, mantidas as condições atuais, o Copom poderia reduzir a taxa Selic em pelo menos 3 pontos nos próximos meses. “Este espaço é dado pela melhora das perspectivas para a inflação gerada pela deflação global de custos, inflação corrente menos pressionada e inversão da tendência de deterioração das expectativas para o IPCA”, diz. “Diante deste espaço, parece seguro um ciclo de cortes de 0,50 ponto ou mesmo de 0,75 ponto.”

O cenário base da XP é de Selic em 12% no fim de 2023. A corretora prevê uma sequência de seis cortes de 0,50 ponto a partir de setembro, mas pondera que eles poderiam se transformar em quatro de 0,75 ponto a depender da evolução dos dados econômicos, especialmente a inflação e o câmbio.

Para 2024, porém, o viés expansionista da política fiscal, a inflação de serviços resiliente e as expectativas acima da meta tendem a limitar a extensão do ciclo, afirma. “Nosso cenário base contempla a taxa Selic em 10,50% em 2024, acima do consenso de mercado. Com as informações atuais, acreditamos que juros muito abaixo deste patamar não levam à convergência da inflação à meta – recém confirmada pelo Conselho Monetário Nacional em 3,0%.”

O relatório é assinado pelo economista-chefe da XP, Caio Megale, e os economistas da casa Rodolfo Margato e Alexandre Maluf.