Em meio à pressão do PT sobre o Banco Central para a redução da taxa Selic, hoje em 13,75%, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, da ala moderada do governo, afirmou na quarta-feira, 15, que reduzir os juros no País é “muito importante” para atrair investimentos e fazer a economia crescer.
“O Brasil, que estava isolado, passa a ser um protagonista importantíssimo na economia mundial. América Latina, Estados Unidos, China, União Europeia, África. Nós temos 2% do PIB do mundo, 98% do comércio está fora do Brasil. Temos que aproveitar todas as oportunidades para gerar emprego, para fazer crescer a economia e baixar os juros. Isso é muito importante para poder atrair mais investimentos e a economia crescer mais”, afirmou Alckmin no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.
A declaração foi feita à imprensa após reunião preparatória para a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, marcada para março. Alckmin se reuniu com representantes da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
“A China é o maior parceiro comercial do Brasil, 150 bilhões de dólares e pretendemos fazer crescer ainda mais”, afirmou o vice-presidente. “A meta é atrair mais investimentos”, acrescentou, sobre a relação bilateral sino-americana.
Alckmin declarou ainda que não tem informações sobre a intenção do governo federal de indicar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para a presidência do Banco dos Brics.
Alckmin afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca, na ampliação das relações comerciais com outros países, aumentar seu protagonismo na economia mundial. De acordo com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a estratégia para atingir esse objetivo será o foco tanto em comércio regional como em tratados bilaterais.
Após coordenar a reunião da Cosban, Alckmin disse que o Brasil “tem de aproveitar todas as oportunidades para gerar emprego, fazer a economia crescer e baixar juros”.
Essas oportunidades, segundo ele, estão na ampliação do comércio com outros países. “Não tenham dúvidas de que o presidente Lula vai reinserir o Brasil no comércio mundial, e isso vai trazer muitas oportunidades”.
Alkcmin voltou a falar sobre a necessidade de valorizar o Mercosul, e lembrou que em diversos blocos regionais, a maior parte do comércio é praticada internamente, entre os países associados.
“Se pegar EUA, México e Canadá, mais de 60% do comércio é praticado ali mesmo, mas quando você vem para a América Latina, é menos de 30%. Então a primeira tarefa é fortalecer o comércio regional, porque o mundo, embora seja globalizado, é fortemente intrarregional. Precisamos fortalecer aqui as relações de comércio e aproveitar todas as oportunidades na nossa própria região”, complementou.
A “outra tarefa” citada por ele é a de avançar com os tratados bilaterais. “O que está mais adiantado é o Mercosul-União Europeia, mas não há dúvida de que há muitas oportunidades de termos entendimentos entre Mercosul e EUA ou China”.
Ao deixar o Itamaraty, Alckmin se dirigiu aos jornalistas para falar de duas recentes conquistas brasileiras que contribuem para ampliar as relações comerciais com o exterior. A primeira foi o fato de os EUA terem retirado o Brasil da “lista antidumping” para placas de aço carbono, uma liga metálica bastante usada na indústria automobilística; de eletrodomésticos; e pela construção civil.
A outra, foi a desburocratização de um procedimento para a exportação de carne de frango. “Antes, para exportar esse produto tínhamos de fazer uma emissão de certificado em papel que era emitido pelo Banco do Brasil a um custo de R$ 160 cada. Só no ano passado foram feitas 14,5 mil emissões. Essas licenças passam agora a ser feitas de forma digital e a custo zero. Ganha tempo, desburocratiza, tira papel e reduz custos. Tudo para facilitar a vida do empreendedor”.
A Cosban, reunião da qual Alckmin participou no Itamaraty, foi criada em 2004 durante o primeiro governo Lula. Trata-se, segundo Alckmin, de “uma comissão de alto nível para relação Brasil – China, que é o nosso maior parceiro comercial”.
O comércio bilateral entre os dois países é de US$ 150 bilhões, com um superavit, para o lado brasileiro, de US$ 28 bilhões. “Há US$ 70 bilhões em investimentos da China no Brasil”, disse o vice-presidente que acredita no aumento desse valor.
“Há muitas possibilidades em energias renováveis, hidrogênio verde, infraestrutura; no complexo da saúde; nas áreas aeroespacial; de educação, ciência e tecnologia; agricultura; indústria e turismo. Não tem uma área onde não pode ser implementado um aumento e a diversificação do comércio bilateral”, acrescentou.
Perguntado sobre as manifestações do presidente Lula, no sentido de evitar que o Brasil venda munições para a Alemanha, para ajudar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, Alckmin disse concordar com Lula: “precisamos promover a paz”.
“O Brasil tem histórico de trabalhar pela paz, e Lula pode fazer a diferença”, complementou.