Estados
COP30

Alckmin admite que Brasil é um dos países mais vulneráveis à mudança climática

O vice-presidente da República Geraldo Alckmin ressaltou que 2023 foi o ano mais quente no mundo em 174 anos de medições meteorológicas

Compartilhe:
25 de março de 2024
Vinicius Palermo
Alckmin admite que Brasil é um dos países mais vulneráveis à mudança climática
Geraldo Alkmin, vice-presidente do Brasil e ministro do MDIC

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse na segunda-feira, 25, que, enquanto os países ricos são os maiores emissores de gases de efeito estufa, os países mais pobres, que têm atrasos em infraestrutura, são os que mais enfrentam as consequências das mudanças climáticas.

Após mencionar que 2023 foi o ano mais quente no mundo em 174 anos de medições meteorológicas, Alckmin apontou o Brasil entre os países mais vulneráveis às alterações no clima, com situação “mais delicada” nas regiões Norte e Nordeste. Ele pontuou que dois terços dos municípios brasileiros foram afetados pelas mudanças climáticas.

Em abertura do seminário “Brasil rumo à COP 30”, realizado pela Editora Globo, Alckmin reiterou o compromisso do Brasil tanto no combate a mudanças climáticas quanto na descarbonização. Também destacou as oportunidades e vantagens comparativas na transição do mundo a fontes de energia mais limpas.

Conforme o vice-presidente, o Brasil é protagonista em três dos debates mais importantes do momento no mundo, listando, além da agenda climática, a segurança alimentar e a segurança energética.
A fonte renovável de energia elétrica – da qual 55% vêm de hidrelétricas e 35% de geradores de energia solar e eólica – vai abrir, conforme Alckmin, inúmeras oportunidades de investimento no País em meio à transição à economia de baixo carbono.

Por outro lado, ressaltou, a prioridade do País deve estar no desmatamento, responsável por 50% das emissões do Brasil. Alckmin citou a redução de 50% do desmatamento na Amazônia em 2023, primeiro ano do mandato, como a demonstração do sucesso do governo nessa frente. “Uma curva que vinha crescendo caiu 50% no primeiro ano”, frisou o vice-presidente.

Alckmin disse que Belém, no Pará, deverá estar pronta, em novembro do ano que vem, para receber a COP30, como é chamada a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas.

“Temos ainda quase dois anos, mais de um ano e meio. O trabalho já começou a ser feito”, disse Alckmin a jornalistas ao responder a uma pergunta sobre a possibilidade de o evento, marcado para os dias 10 a 21 de novembro de 2025, ter outras sedes em caso de atrasos nas obras em Belém. Conforme o vice-presidente, a realização da conferência em Belém carrega um simbolismo por a capital paraense estar dentro da Amazônia Legal. “Então, eu diria que tem tudo para ser uma COP muito bem-sucedida”, reforçou.

O governo federal anunciou na segunda-feira, 25, a criação do Comitê Interinstitucional da Taxonomia Sustentável Brasileira (CITSB), que será responsável por desenvolver e acompanhar a implementação de um sistema de classificação de atividades, ativos e projetos alinhados à estratégia brasileira para a sustentabilidade.

O comitê será presidido pelo Ministério da Fazenda e reunirá 27 entidades governamentais, incluindo outros 21 ministérios, além do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Previdência Complementar (Previc), Superintendência de Seguros Privados (Susep) e do BNDES.

No ano passado, a Fazenda colocou o tema da taxonomia sustentável brasileira em consulta pública, que recebeu mais de 600 contribuições.

“A criação do comitê marca mais uma etapa nesse processo de alinhamento nacional, tracionando a agenda de finanças sustentáveis nacionais”, destacou a pasta, em nota.

Segundo a Fazenda, o comitê pretende construir uma metodologia comum para avaliar o impacto social, ambiental e climático das atividades econômicas, e propor formas de fazer seu monitoramento, verificação e relato, buscando maneiras de avançar no escopo da materialidade.

Conforme o decreto que criou o comitê, as reuniões ordinárias serão bimestrais. “Desta forma, observadas a viabilidade das medidas, a construção de capacidade técnica nos órgãos reguladores e o engajamento das partes envolvidas, o comitê promoverá o alinhamento das finanças aos objetivos de longo prazo do desenvolvimento sustentável: atingir justiça ambiental e climática com elevação da renda e redução das desigualdades.”

O ministério ainda destaca que o enfrentamento da crise climática requer soluções compartilhadas e afinadas no sentido da sustentabilidade, de forma a conciliar objetivos econômicos, sociais, ambientais e climáticos.

Além disso, a Fazenda ressalta como fundamental a coordenação entre diferentes agentes: governos, empresas, organizações da sociedade civil, cidadãs e cidadãos.