Policiais civis, agentes penitenciários e servidores que trabalham com adolescentes infratores no Rio de Janeiro terão um programa de prevenção ao suicídio. O programa destinado a agentes de segurança será coordenado pelo Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (Ippes), em parceria com o governo do estado e o Ministério Público do Trabalho.
A ideia é que, no futuro, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros também passem a integrar o projeto. Dados informados pelo Ippes, com base no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mostram que 101 policiais civis e militares cometeram suicídio em 2021. No estado do Rio, foram 15 casos naquele ano.
Segundo a presidente do Ippes, a socióloga Dayse Miranda, o programa para os agentes de segurança terá três etapas. A primeira é um diagnóstico da situação na Polícia Civil, na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase).
Em seguida, será feito um trabalho de conscientização com gestores, profissionais de saúde mental dessas instituições e os próprios agentes. “Tentamos fazer um trabalho de mudança de cultura organizacional, oferecendo oficinas de gestão humanizada para os líderes, formando multiplicadores de prevenção, fazendo palestras que esclarecem quais são os primeiros sinais e também rodas de conversas onde eles compartilham os problemas do dia a dia de trabalho”.
O Ippes colocará sua rede de apoio psicoterapêutico à disposição desses profissionais de saúde e dos próprios agentes que precisarem de ajuda.
Dayse Miranda conta que há alguns fatores que favorecem o suicídio entre os agentes de segurança pública, entre eles a própria natureza do trabalho. “Ter autoexposição a situação de perigo e violência, ao decorrer de dez a 15 anos, esse profissional está sujeito a desenvolver os transtornos de estresse pós-traumático, que aumenta o risco do profissional morrer por suicídio”.
Há ainda questões como as escalas de trabalho que comprometem o descanso, a falta de cuidado com o profissional que passou por uma situação complicada (como o assassinato de um colega) e também o acesso mais fácil à arma de fogo.
Segundo Dayse Miranda, um profissional que está sofrendo com um adoecimento mental coloca em risco não apenas ele mesmo como também todos que estão a sua volta, inclusive a população civil. O projeto tem a previsão de durar dois anos.
De acordo com os últimos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) referentes ao mês de janeiro de 2023, dois dos municípios mais populosos do Estado do Rio de Janeiro, com quase 1,5 milhão de habitantes, Duque de Caxias e Belford Roxo, ambos na Baixada Fluminense, tiveram reduções significativas nos índices de criminalidade. Caxias, por exemplo, há dez meses, desde abril de 2022, não registra latrocínio (roubo seguido de morte), um dos crimes mais temidos pelos cidadãos. O mesmo acontece em Belford Roxo há seis meses.
“Nosso governo já investiu em torno de R$ 700 milhões nas forças de segurança. Esse investimento e o trabalho integrado das polícias Civil e Militar estão rendendo bons frutos. Trabalhamos para que os moradores se sintam cada dia mais seguros, assim como aqueles que sonham em vir empreender no Rio de Janeiro”, afirmou o governador Cláudio Castro.
Em Caxias, onde o policiamento ostensivo é de responsabilidade do 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM), roubos a estabelecimentos comerciais tiveram redução de nove casos (15 em janeiro de 2022 e seis no mesmo período de 2023). Foi o menor número para o mês desde 2003 e menor número de casos dos últimos 12 meses. O roubo de veículos teve queda ainda mais acentuada, de 24,3% (251 em 2022 e 190 em 2023). Menor número para o mês pesquisado desde 2011.
Já em Belford Roxo, área do 39º BPM, a letalidade violenta registrou o menor número de vítimas para o mês desde janeiro de 2012 (17 em janeiro de 2022, contra 15 em 2023). Os roubos de rua, por sua vez, tiveram 9,5% a menos de casos (169 em 2022 e 153 em 2023). Menor número para o mês desde 2018. Semelhante a Caxias, o roubo de carros foi 24,8% menor (121 contra 91). Menor estatística desde 2017.
De acordo com o secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, a redução da maioria dos indicadores criminais na Baixada Fluminense, especialmente em Duque de Caxias e Belford Roxo, é resultado de um “trabalho bem estruturado”.
“Destaco os investimentos que temos feito na região, com ampliação de efetivo e aquisições de viaturas blindadas, o apoio de unidades de operações especiais da PM aos batalhões de área e a integração cada vez maior com a Polícia Civil. A estruturação do Centro Integrado de Comando e Controle da Baixada, em Duque de Caxias, em parceria com a prefeitura local e de outros municípios, também é outro ponto positivo na luta contra a violência”, ressaltou Luiz Henrique.