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Dirigente do Fed diz que projeta mais uma alta de juros

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Bostic disse que “há ainda muito trabalho a fazer” para conter a inflação.

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19 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Dirigente do Fed diz que projeta mais uma alta de juros
FILE PHOTO: Federal O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que projeta mais uma alta de juros nos Estados Unidos. Depois disso, seu cenário-base prevê que a política monetária seja mantida “por um bom tempo”. As declarações foram dadas em entrevista à emissora CNBC.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Bostic disse que “há ainda muito trabalho a fazer” para conter a inflação. Ele vê o mercado muito otimista sobre o ritmo em que o Fed atingirá sua meta de 2% para os preços.

Para o dirigente, a demanda agregada “está extremamente forte” e terá de enfraquecer para que a inflação retorne à meta. “Faremos tudo que for preciso para retornar à nossa meta de 2%”, enfatizou.

Bostic ainda disse que não prevê recessão, em seu cenário-base. Perguntado sobre turbulências bancárias recentes, ele afirmou que não é possível afirmar que o quadro está totalmente sob controle e que, como regulador, mantém o tema em foco. E também disse esperar que os banqueiros sejam mais cautelosos, nesse cenário. De qualquer modo, o dirigente argumentou que o Fed tem sido bem claro sobre sua postura no aperto monetário, e que os bancos não deveriam ficar surpresos.

O dirigente também disse que o Fed deve continuar a contribuir para que a liquidez se reduza, e que o balanço do BC americano possa retornar a um nível mais contido adiante. E também defendeu como importante a elevação do teto da dívida do governo federal nos EUA.

Poucos bancos dos Estados Unidos se protegeram contra o aumento das taxas de juros durante a campanha de aperto monetário do Fed no ano passado, de acordo com um estudo que diz que os títulos sem cobertura estão mais disseminados que os investidores imaginam.

O artigo “Hedge limitado e apostas em ressurreição pelos bancos dos EUA durante o aperto monetário de 2022?”, afirma que centenas de bancos compartilham desse risco, que desempenhou um papel importante no colapso do Silicon Valley Bank (SVB) no mês passado. O texto não listou instituições individuais, apenas apresentou uma análise de dados agregados.

Em todo o setor bancário, apenas cerca de 6% dos ativos bancários estavam protegidos por swaps de taxas de juros, diz o estudo.

Mesmo com as taxas continuando a subir ao longo de 2022, cerca de um quarto dos bancos de capital aberto reduziram seu hedge de proteção no ano passado, de acordo com os autores.

O SVB, por exemplo, havia coberto cerca de 12% de sua carteira de títulos no final de 2021, mas apenas 0,4% no final de 2022. Os professores descreveram isso como uma aposta.

As perdas relacionadas à quebra dos bancos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank resultaram em perdas de US$ 22,5 bilhões, estima o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), equivalente americano ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no Brasil. Do valor total, US$ 19,2 bilhões foram relacionados à proteção de depositantes não segurados.

Essas perdas, no entanto, não deverão afetar o cronograma do FDIC para atingir a razão de reserva mínima de 1,35% até 30 de setembro de 2028, disse o chairman Martin J. Gruenberg na terça-feira.
Segundo ele, apenas US$ 3,3 bilhões terão impacto direto no fundo garantidor de depósitos, o que não deverá ter um efeito material no cronograma.

Os autores do estudo são os professores Erica Jiang, da Marshall School of Business da University of Southern California, Gregor Matvos, da Kellogg School of Management da Northwestern University, Tomasz Piskorski, da Columbia Business School, e Amit Seru, da Stanford Graduate School of Business.