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Metas climáticas

ONU defende transformação industrial sustentável

A vice-chefe da ONU revelou que 574 milhões de pessoas, ou 7% da população global, serão lançados na pobreza extrema até 2030.

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06 de abril de 2023
Vinicius Palermo
ONU defende transformação industrial sustentável
Segundo a ONU, os mais pobres e vulneráveis são os que mais sofrem com as diferenças no desenvolvimento.

As Nações Unidas apontam a transformação industrial sustentável como a saída para fechar a crescente lacuna de desenvolvimento entre os países, cumprir as metas climáticas e os objetivos globais.

O Relatório de Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável de 2023: Financiamento de Transformações Sustentáveis descreve a realidade de crises galopantes de alimentos e energia, incerteza econômica e impactos globais da mudança do clima.

A publicação, lançada na quarta-feira em Nova Iorque, sugere investimentos enormes e urgentes para acelerar transformações, inclusive em campos como distribuição de eletricidade, indústria, agricultura, transporte e habitação.

O documento foi apresentado pela vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed. Ela disse que os mais pobres e vulneráveis são os que mais sofrem com as diferenças no desenvolvimento.

A vice-chefe da ONU revelou que 574 milhões de pessoas, ou 7% da população global, serão lançados na pobreza extrema até 2030. Este ano, um recorde de 339 milhões vai precisar de ajuda humanitária, ou um em cada 23 habitantes do planeta.

As áreas do agronegócio, energia verde e indústria são apontadas como oportunidades para o crescimento inclusivo. O estudo indica ainda novas possibilidades com a rápida receptividade da tecnologia para acelerar uma transição para a industrialização e o crescimento sustentáveis.

De acordo com o levantamento, mais 338 milhões de pessoas usaram a internet regularmente entre 2021 e 2022. O total corresponde a um aumento de cerca de 38 mil pessoas por hora.

Outro fator é que regiões com alta qualidade de serviços de conexão têm cerca de 44% das empresas como exportadoras, em contraste com apenas 19% das companhias onde os serviços têm conexão mais fraca.

O estudo alerta ainda para a desigualdade na capacidade de produção. Em países africanos menos desenvolvidos, o valor agregado da manufatura caiu cerca de 10% do Produto Interno Bruto, PIB, em 2000 para 9% em 2021, em vez de dobrar.

A meta 9.2 dos ODS prevê promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participação da indústria no emprego e no PIB.

O novo documento recomenda políticas nacionais direcionadas para desenvolver as capacidades produtivas para transições de baixo carbono, criar empregos decentes e impulsionar o crescimento econômico, garantindo a igualdade de gênero.

Em relação ao ODS 9 com foco em Indústria, Inovação e Infraestrutura, Angola aparece com regressão num índice que acompanha produção manufatureira ano a ano. Brasil e Portugal têm taxas de “crescimento aceitável”. Já em Moçambique, o desempenho foi “substancial”.

O documento cita ainda a atuação em meio ao risco da dívida. Cabo Verde e Moçambique estão entre cinco países com uma evolução devido à reestruturação da dívida. Outros integrantes do grupo são Chade, Gâmbia, Mauritânia e Sudão do Sul.

Moçambique aparece ainda entre as economias de baixa renda que acolhem um novo banco de tecnologia para melhorar a capacidade de promoção e facilitar a identificação, a utilização, o acesso e a transferência para o grupo de economias.

Entre 2020 e 2021, o Brasil foi um dos países com novos centros regionais para a big data, ao lado de China, do Ruanda e dos Emirados Árabes Unidos. A melhora nas estatísticas apoiará o desenvolvimento de aptidões na ciência de dados aliando novas habilidades nos fluxos de trabalho para produzir dados.

Ao lado da Índia, o Brasil está na segunda categoria de países com 40 economias com o maior envolvimento ativo com novas tecnologias, ainda que em um grau muito menor do que os pioneiros.

Na vanguarda da produção digital destacam-se China, Alemanha, Japão e Estados Unidos entre as 10 economias concentrando 91% das patentes globais e quase 70% das exportações de todos os bens de capital associados à tecnologia.

Na base estão os chamados retardatários e os da lanterna, ou economias com nenhum ou muito baixo envolvimento com tecnologias avançadas de produção digital.

No prefácio, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alerta que sem meios para investir no desenvolvimento sustentável e transformar os sistemas energéticos e alimentares, “os países em desenvolvimento ficam ainda mais para trás”.

O secretário-geral enfatiza para perigo claro para todos os países de um mundo de duas vias, de ricos e pobres. Para ele, é preciso urgência em reconstruir a cooperação global e encontrar as soluções para as crises atuais na ação multilateral.