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Presidente do BCE prega medição de pressões para calibrar estratégias

Em evento no Observatorio Permanente Giovani, Lagarde ressaltou o objetivo do BCE de alcançar a estabilidade de preços em 2% no longo prazo.

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01 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Presidente do BCE prega medição de pressões para calibrar estratégias
A presidente do BCE, Christine Lagarde.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, comentou na sexta-feira, 31, que os dirigentes terão que medir pressões e incertezas recentes – como a turbulência bancária – para “calibrar” estratégias de redução dos preços. “Não tenho uma resposta única. Seremos dependentes de dados para tomar próximas decisões monetárias, mas estamos comprometidos com redução da inflação e faremos o que for necessário para fazê-la voltar à meta”, afirmou Lagarde, acrescentando que o BCE está monitorando pressões no setor financeiro.

Em evento no Observatorio Permanente Giovani, Lagarde ressaltou o objetivo do BCE de alcançar a estabilidade de preços em 2% no longo prazo, faixa que seria necessária para garantir o funcionamento e a “prosperidade” da atividade econômica.

Na visão da dirigente, a inflação de bens de consumo na zona do euro continua “muito elevada”, apesar da desaceleração nos preços de energia. Neste cenário, o BCE ainda teria “chão a percorrer” para controlar e estabilizar o índice, afirmou ela, indicando que o trabalho da política monetária não teria terminado.

Lagarde também observou que as expectativas de inflação permanecem ancoradas. Contudo, alertou que, caso elas se desancorem, seria difícil recuperar o equilíbrio novamente. “Vamos usar todas as ferramentas para estabilizar a inflação no médio prazo, de acordo com a meta”, disse ela.

A presidente do Banco Central Europeu reforçou que “estabilidade de preços e financeira andam juntas” e não podem ser substituídas uma pela outra. Ela garantiu que o BCE possui ferramentas para lidar com ambas, atendendo as necessidades específicas de cada área.

No caso da estabilidade de preços, a dirigente ressaltou a existência de outras ferramentas além da política monetária, caso seus efeitos sobre a economia não aconteçam de forma suave. “Embora as taxas de juros sejam nossa ferramenta principal, temos outras disponíveis”, pontuou, acrescentando que a transmissão de decisões monetárias para a economia com o objetivo de reduzir preços não será prejudicada.

Já para garantir a estabilidade financeira, Lagarde destacou que o banco central possui liquidez de títulos suficiente para socorrer sistema bancário, caso necessário. A dirigente também reforçou a robustez dos bancos europeus durante o evento.

A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro desacelerou fortemente em março, a 6,9%, atingindo o menor nível em 13 meses, segundo dados preliminares divulgados na sexta-feira, 31, pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat.

Em fevereiro, o CPI anual do bloco havia sido de 8,5%. A prévia de março ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam recuo da taxa do CPI a 7,1%.

A desaceleração foi mais uma vez motivada pelos preços de energia, que caíram 0,9% em março ante um ano antes, depois de avançarem 13,7% na comparação anual de fevereiro. Já o núcleo do CPI, que desconsidera os preços de energia e de alimentos, teve acréscimo anual recorde de 5,7% em março, em linha com o consenso do mercado.