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Lula desconhece destino dos recursos do antigo acordo de Mariana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não se sabe o que foi feito com os R$ 38 bilhões declarados já terem sido gastos no acordo vigente de reparação aos danos da tragédia de Mariana.

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26 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Lula desconhece destino dos recursos do antigo acordo de Mariana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de cerimônia de assinatura do novo acordo de repactuação da reparação dos danos da tragédia de Mariana (MG). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não se sabe o que foi feito com os R$ 38 bilhões declarados já terem sido gastos no acordo vigente de reparação aos danos da tragédia de Mariana. “Nem o Ministério Público, a Defensoria, governos dos Estados ou governo federal sabem. Foram R$ 37 bilhões gastos e não sabemos com o que”, afirmou durante evento no Palácio do Planalto.

As críticas do presidente foram sobre a condução das ações que ficaram sob responsabilidade da Fundação Renova, criada pelas empresas envolvidas no desastre. “Quero saber quantas casas a fundação do acordo antigo de Mariana construiu”, disse Lula.

O governo federal formalizou no evento o compromisso firmado com as empresas para o pagamento de R$ 100 bilhões em recursos novos destinados a políticas de reparação socioambientais. Esse valor será destinado ao Poder Público ao longo de 20 anos.

Além disso, há R$ 32 bilhões em obrigações a fazer, diretamente pelas empresas. Ou seja, são R$ 132 bilhões em valores novos e R$ 38 bilhões já desembolsados via Fundação Renova, totalizando o valor global de R$ 170 bilhões.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, declarou nesta sexta-feira, 25, que o novo acordo sobre a reparação de danos decorrentes do rompimento da barragem deixará um “legado gigante” para os próximos governadores de Minas Gerais e Espírito Santo.

“Boa parte das obras não acontecerão nas gestões atuais, mas nas dos nossos sucessores, que terão condições de melhorar a vida dos mineiros e capixabas”, disse.

Zema também criticou a Fundação Renova. “Depois de Brumadinho, fechamos um acordo. Começamos a ver que o termo de reparação da tragédia de Brumadinho começou a pavimentar estradas, a executar uma série de obras e a Fundação Renova quase nada produzia. A partir daí, vimos que o modelo poderia ser aperfeiçoado”.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta sexta-feira, 25, que o governo federal quer monitoramento e transparência na aplicação dos recursos do novo acordo de Mariana, com valor global de R$ 170 bilhões. Ele também afirmou que é necessário um “instrumento” para antecipar benefícios do acordo.
“Que as empresas tomem o acidente de Mariana como exemplo em nome da prevenção … Queremos monitoramento e transparência das ações do acordo de Mariana”, declarou, durante a cerimônia de assinatura do texto.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse durante a solenidade de assinatura do novo acordo de reparação da tragédia de Mariana que haverá uma ampliação da rede de saúde na região, e que os impactos do desastre serão sentidos por gerações.

“Temos clareza que os efeitos da tragédia em Marina serão sentidos por gerações. Por essa razão, temos instituído o grupo de trabalho Rio Doce, que trabalhará nas dimensões colocadas”, disse a ministra. “Iremos ampliar redes de atenção e vigilância em saúde. Constituir uma rede de pesquisa permanente para esse trabalho”, declarou ela. O acordo destina recursos à área de saúde também.