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Cessar-fogo

Hezbollah ataca Tel Aviv durante passagem de secretário dos EUA pela região

Blinken foi um dos hóspedes direcionados para quartos de abrigo enquanto as sirenes ecoavam após o lançamento de um míssil do Hezbollah.

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24 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Hezbollah ataca Tel Aviv durante passagem de secretário dos EUA pela região
Blinken, que se encontrou com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e outras autoridades na terça-feira, disse que pressionou Israel a permitir mais ajuda humanitária em Gaza

Sirenes de ataque aéreo ecoaram por Tel Aviv nesta quarta-feira, 23, enquanto o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se preparava para encerrar uma visita à região. Fumaça, aparentemente de um projétil interceptado, podia ser vista no céu acima do hotel onde o secretário estava hospedado.
Blinken foi um dos hóspedes direcionados para quartos de abrigo enquanto as sirenes ecoavam após o lançamento de um míssil do Hezbollah.

Os Estados Unidos retomaram os esforços por um cessar-fogo após o assassinato do principal líder do grupo, Yahya Sinwar, em uma operação militar israelense em Gaza na semana passada. A visita do secretário de estado teve como objetivo as tratativas sobre o tema, mas não há indicação de que qualquer uma das partes em guerra tenha modificado suas demandas desde que as negociações pararam no verão.

Blinken, que se encontrou com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e outras autoridades na terça-feira, disse que pressionou Israel a permitir mais ajuda humanitária em Gaza e reiterou seu alerta de que não fazê-lo poderia levar a uma redução na ajuda militar dos EUA. “Houve progresso, o que é bom, mas mais progresso precisa ser feito”, nessa frente, disse ele.

O secretário ainda afirmou que Israel precisa buscar um “sucesso estratégico duradouro” após suas recentes vitórias táticas contra o Hamas.

Apesar disso, ambos os lados parecem permanecer ainda entrincheirados. Netanyahu prometeu aniquilar o Hamas e recuperar dezenas de reféns mantidos pelo grupo. O Hamas por sua vez diz que só libertará os cativos em troca de um cessar-fogo duradouro, uma retirada israelense completa de Gaza e a libertação de prisioneiros palestinos.

Em 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas abriram buracos em uma cerca de segurança de Israel e invadiram o território, matando cerca de 1.200 pessoas – a maioria civis – e sequestrando outras 250. A ofensiva de Israel em Gaza matou mais de 42 mil palestinos, de acordo com autoridades de saúde locais, que não diferenciam as vítimas entre militantes e civis. A guerra também destruiu grandes áreas de Gaza e deslocou cerca de 90% da população de 2,3 milhões de pessoas.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento disse em um relatório que pode levar 350 anos para que a economia de Gaza retorne ao seu nível precário anterior à guerra.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou a suspensão da última fase de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza por causa da violência na região. A medida foi tomada após o risco aos civis pelos bombardeios intensos, ordens de deslocamentos em massa e falta de acesso.

O Ministério da Saúde Palestino, que é gerido pelo grupo Hamas, e parceiros integram a iniciativa que também conta com a Organização Mundial da Saúde, OMS, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef. A Agência de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, também é parte desse esforço.

Nesta fase final da campanha, a meta era vacinar 119.279 crianças.  Desde que foi lançada a segunda rodada, em 14 de outubro, pelo menos 442.855 menores de 10 anos foram imunizados no centro e no sul da Faixa de Gaza. Trata-se de 94% da meta definida para essas áreas.

Mais de 357 mil crianças receberam a suplementação de vitamina A para integrar a imunização contra a poliomielite a outros serviços essenciais de saúde na região.

As autoridades em Gaza alertam ser “obrigatório interromper o surto de poliomielite o mais rapidamente possível”, para evitar que o vírus se espalhe, paralisando ainda mais crianças.

Para a Unrwa, as pessoas estão vivendo “um pesadelo” após passarem semanas quase sem comida, água ou ajuda. Muitas continuam presas nos escombros sendo necessária “ação imediata para vacinar as crianças e evitar mais tragédias”.

Em nota separada, o Escritório de Direitos Humanos da ONU revela casos de menores que morreram baleados em Territórios Palestinos.

Na quarta-feira, as Forças de Segurança Israelenses, FSI, mataram uma criança palestina de 11 anos. O menino estava atirando pedras contra veículos blindados na cidade de Nablus. 

Outro episódio ocorreu no domingo em Hebron, quando soldados de Israel atiraram num adolescente de 17 anos, que está em estado crítico.

Desde o ano passado, a violência tirou a vida de 165 crianças palestinas na Cisjordânia, que é administra pela facção palestina Fatah. Segundo autoridades locais, a maioria dos disparos foi contra a cabeça ou o tronco superior das vítimas.