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FMI diz que países precisam de foco nas reformas

As três áreas principais, segundo a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, são: mercado de trabalho, mobilização de capital e produtividade.

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17 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
FMI diz que países precisam de foco nas reformas
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou que os países precisam avançar em reformas. As três áreas principais são: mercado de trabalho, mobilização de capital e produtividade. “Em todo lugar que vou, ouço a mesma coisa: uma aspiração por maior crescimento e melhores oportunidades. A questão é: como? A resposta: foco nas reformas. Não há tempo a perder”, disse Georgieva, em discurso que antecede as reuniões anuais do FMI, que acontecem na próxima semana, em Washington DC.

A primeira área de reformas é o mercado de trabalho, que precisam funcionar em prol das pessoas, segundo ela. Há um mundo de demografia profundamente desigual e a migração econômica pode ajudar até certo ponto, disse. Georgieva também defendeu medidas de apoio para ajudar a colocar mais mulheres na força de trabalho. “Acima de tudo, há uma necessidade de reformas para aprimorar conjuntos de habilidades e combinar as pessoas certas aos empregos certos”, avaliou.

O segundo alvo é a mobilização de capital. Conforme Georgieva, há uma abundância de recursos no mundo, mas, muitas vezes, não nos lugares certos. Nesse sentido, cobrou dos formuladores de políticas a eliminação de barreiras para favorecer a entrada de investimento estrangeiro. “A supervisão do setor financeiro não deve apenas garantir estabilidade e resiliência, mas também encorajar a tomada de riscos prudente e a criação de valor”, avaliou.

Por fim, os países devem se concentrar em ações que ajudem a aumentar a produtividade. “Há muitas maneiras de aumentá-la, desde melhorar a governança e as instituições até reduzir a burocracia e aproveitar o poder da inteligência artificial (IA)”, sugeriu a diretora-gerente do FMI.

Ela alertou ainda que, globalmente, o ritmo das reformas vem diminuindo desde a crise financeira global, à medida que o descontentamento da população aumenta. Estudo do FMI publicado essa semana, e mencionado por Georgieva, mostra que a resistência às reformas é frequentemente motivada por crenças e percepções errôneas sobre as próprias mudanças, bem como os seus efeitos.

A diretora-gerente do FMI avaliou que a inteligência artificial (IA) é a melhor chance de as economias conseguirem ampliar a produtividade. Pesquisa do organismo, com sede em Washington DC, mostrou que a IA, se bem administrada, tem o potencial de elevar o crescimento mundial em até 0,8 ponto porcentual, segundo ela.

“Com isso, iríamos para um caminho de crescimento maior do que nos anos anteriores à pandemia”, disse. No entanto, a IA precisa “urgentemente” de códigos regulatórios e éticos que sejam fundamentalmente globais, alertou. Até mesmo porque, essa tecnologia não tem fronteiras e já está em smartphones em todos os lugares, reforçou. “Em todas essas áreas e muitas outras, o ponto principal é que os países precisam reaprender a trabalhar juntos”, sugeriu Georgieva, mencionando ainda o papel de organismos como o FMI.

Ao analisar o seu primeiro mandato à frente do Fundo, ela disse que o mundo enfrentou uma crise sem precedentes. Nesse período, o FMI forneceu US$ 1 trilhão em liquidez e análises econômicas críticas ajudaram os formuladores de políticas a sincronizar suas ações, de acordo com ela.

Em sua segunda gestão, Georgieva destacou que o Fundo acaba de aprovar reformas importantes que reforçam a sua posição financeira e beneficiam diretamente os membros. “Estamos reduzindo taxas e sobretaxas em nossos empréstimos regulares e implementando um pacote abrangente de medidas que garante nossa capacidade de conceder empréstimos para apoiar países de baixa renda”, disse.

Por fim, afirmou que, em 1º de novembro, o Conselho do FMI passará a contar um terceiro diretor para a África Subsaariana, garantindo mais voz para uma região até então sub-representada.