Economia
Regulamentação

Lula diz que pode acabar com as apostas eletrônicas

O presidente Lula sugeriu que pode “acabar” com as apostas eletrônicas caso a regulamentação do setor se mostre insuficiente.

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17 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Lula diz que pode acabar com as apostas eletrônicas
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de anúncios para Educação na Bahia. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu que pode “acabar” com as apostas eletrônicas caso a regulamentação do setor se mostre insuficiente para controlar a quantidade de recursos investidos e o vício da população.

“Tínhamos duas opções: ou acabava definitivamente ou a gente regulava. A gente optou pela regulação. Nesta semana, mais de 2 mil bets saíram do ar. Vamos ver se a regulação dá conta. Se der conta, está resolvido o problema. Se não der conta, eu acabo, para ficar bem claro”, declarou. E completou: “Não tem controle do povo mais humilde, criança com celular na mão fazendo aposta. Não queremos isso.”

Antes de ser questionado sobre as “bets” diretamente, Lula fez um relato de um episódio que viveu em 1974 envolvendo apostas. Mesmo sem se referir às apostas esportivas e ao impasse atual envolvendo as “bets”, o presidente disse que esse episódio fez com que ele não apostasse mais.

“Eu, uma vez, ganhei na loteria esportiva. Estava com a mãe da Lurian sentado e quando começou a zebrinha a falar, fiquei olhando minha cartela e fiz os 13 pontos. Pus a cartela no bolso, não falei para a minha namorada, para a mãe dela. Cheguei em casa e não contei para minha mãe, para ninguém. Descobri que eu tinha um lado avarento, que não era correto. Achei que estava rico e não queria contar para ninguém. No outro dia, saí para trabalhar, cheguei no jornal e vi que mais de 50 mil pessoas ganharam (sic). Puta merda, descobri que fiquei pobre outra vez (risos). Aí nunca mais eu joguei. Estou falando de 1974. Nunca mais eu joguei porque descobri que tinha um lado avarento. O demônio foi solto”, contou.

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou nesta quinta-feira, 17, que a medida de proibição do uso de cartão de crédito para jogos de apostas online também valerá para o cartão do Bolsa Família. Segundo ele, a decisão já foi adotada e está, neste momento, em fase de implementação técnica.
“Para não criar, inclusive, um preconceito contra o cartão do Bolsa Família, a medida geral que vale para todos os cartões, vale também para o cartão do Bolsa Família”, disse Dias após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Nós estamos agora, tecnicamente, para poder fazer a implementação”, emendou.

Ele explicou que as próprias empresas de bets farão o bloqueio do uso do cartão do Bolsa Família nos jogos on-line.

O ministro também voltou a dizer que já existe uma operação para verificar se tem sido utilizados CPFs de beneficiários do Bolsa Família no processo de lavagem de dinheiro envolvendo os jogos virtuais. “Há indícios de que possam estar utilizando também de forma fraudulenta e cometendo crime de lavagem de dinheiro com o uso de CPF dessas pessoas”, afirmou.

Dias disse ainda que, durante o encontro com Haddad, foi discutida a importância de garantir recursos no último trimestre do ano para ações de combate à fraude em benefícios sociais. Essa é uma das apostas do governo para reduzir gastos em meio à pressão da elevação de despesas obrigatórias sobre as regras fiscais.

“Tanto o Ministério Social integrado com o Ministério da Previdência, e a rede federal de fiscalização do Bolsa Família, que agora também é colocada à disposição para outros programas sociais no combate à fraude. Onde tiver fraude, a gente combate de forma eficiente, para que não se tenha dinheiro público sendo pago a quem não tem o direito”, explicou o ministro.

O presidente voltou a rebater as críticas em relação aos gastos do governo destinado a programas sociais. Ao falar sobre o Pé de Meia, de incentivo à permanência de estudantes na escola, ele disse que “não importa o quanto custa”, mas, sim, que o governo está dando oportunidade para a população estudar.

“Tem muita gente que acha que nós estamos gastando muito dinheiro. Primeiro, eu não acho que é gasto, acho que é investimento. Segundo, ficaria muito mais caro gastar fazendo cadeia para prender a meninada que não teve oportunidade do que investir na escola”, disse Lula nesta quinta-feira, 17, em cerimônia de anúncios para educação na Bahia.

“Por isso, não importa o quanto custa. O que importa é que nós estamos garantindo que vocês cresçam, aprendam uma profissão, tirem seu diploma universitário, vire doutores e preste serviços a esse País, à família de vocês e à comunidade que vocês vivem”, completou o chefe do Executivo.

Lula disse ainda que representantes dos principais bancos brasileiros com os quais se reuniu na quarta-feira, 16, elogiaram o crescimento econômico do País.

“A economia está bem e surpreendendo o mercado. Fiz reunião com os (representantes dos) principais bancos brasileiros e todos eles elogiando o crescimento. (Eles disseram) Presidente, vocês estão crescendo acima do mercado, as coisas estão boas, o emprego está crescendo, a massa salarial está crescendo, a inflação está mais ou menos controlada. Está tudo mais ou menos do jeito que eu quero que esteja”, afirmou.

Lula disse, ainda, que os próximos anos serão de “colher” o que o governo plantou nos primeiros meses de gestão. “Agora está na hora de a gente colher. Nós preparamos a terra, semeamos, limpamos, carpimos, jogamos água. Estou com 1 ano e 10 meses de governo. Agora temos 2 anos e 2 meses para colher tudo o que plantamos, seja do ponto de vista de inclusão social, estrada”, declarou.