Um esquema de romance falso utilizando deepfakes (vídeos criados por inteligência artificial) para enganar homens em toda a Ásia resultou em um prejuízo de mais de US$ 46 milhões (cerca de R$ 250 milhões) às vítimas. A polícia de Hong Kong prendeu 27 suspeitos de integrar a quadrilha responsável pelo golpe, que usava videochamadas falsas para atrair as vítimas e convencê-las a investir em uma plataforma fraudulenta de criptomoedas.
Os deepfakes têm se tornado uma ferramenta poderosa para golpes online. A tecnologia permite criar vídeos incrivelmente realistas, dificultando a identificação da falsidade. Celebridades como Pedro Bial, William Bonner, Drauzio Varella, Cesar Tralli e Anitta tornaram-se vítimas de golpes que usam deepfakes para fins publicitários enganosos. No caso do golpe da “namorada de IA”, os deepfakes foram usados para enganar as vítimas, fazendo-as creditar que estavam conversando com mulheres reais, mesmo durante videochamadas.
“Apesar de participarem de videochamadas, as vítimas continuaram acreditando que estavam construindo um relacionamento romântico com mulheres supostamente superiores”, disse o superintendente sênior Fang Chi-kin, chefe da unidade regional de crimes de New Territories South, em Hong Kong ao jornal local South China Morning Post.
Com idades entre 21 e 34 anos, os golpistas criavam perfis falsos em redes sociais, utilizando deepfakes para se passar por mulheres “atraentes” em videochamadas. Eles iniciavam conversas com as vítimas, construindo relacionamentos online e cultivando uma sensação de intimidade e confiança.
“Após o contato inicial nas redes sociais, eles enviavam fotos geradas artificialmente usando IA para criar perfis atraentes em termos de aparência, personalidade, ocupação, educação e outros aspectos”, explicou o superintendente.
Uma vez estabelecida a confiança, os golpistas introduziam as vítimas a oportunidade de investimento em criptomoedas por meio de uma plataforma falsa. “Eles apresentavam registros de transações e lucros fabricados, alegando grandes retornos sobre os investimentos”, disse Chi-kin. “Eles chegavam a discutir planos futuros com as vítimas, criando uma falsa sensação de felicidade para incentivá-las a continuar investindo para um futuro compartilhado.”
A quadrilha era altamente organizada, dividida em departamentos responsáveis por diferentes etapas do golpe. Eles utilizavam manuais de treinamento com instruções detalhadas sobre como abordar as vítimas, criar personas convincentes e ganhar sua confiança.
“Esses manuais descreviam como abordar diferentes tipos de vítimas e ofereciam orientação sobre a criação de personas e o envolvimento em conversas para fazer as vítimas gostarem e confiarem neles, especialmente em relação a estratégias de investimento”, disse o superintendente Iu Wing-kan, da unidade de crimes de New Territories South.
A polícia de Hong Kong iniciou a investigação após receber denúncias de vítimas do golpe. Em uma operação realizada em um galpão industrial em Hung Hom, os policiais prenderam 27 suspeitos, incluindo graduados em mídia digital e tecnologia de universidades locais, que teriam sido recrutados pela quadrilha para criar a plataforma de criptomoedas falsa e gerenciar as operações online.
A polícia apreendeu mais de 100 telefones celulares, computadores, relógios de luxo e cerca de US$ 26 mil em dinheiro. As investigações continuam e mais prisões não são descartadas. Os oficiais alertam para o risco de golpes online e recomenda que as pessoas sejam cautelosas ao interagir com desconhecidos na internet e ao investir em criptomoedas. É sempre importante verificar a autenticidade das pessoas e das plataformas antes de compartilhar informações pessoais ou fazer qualquer tipo de investimento.