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Ministro da Defesa de Israel diz que ataque ao Irã será ‘letal’ e ‘surpreendente’

“Eles não entenderão o que aconteceu e como. Eles verão os resultados”, acrescentou o ministro Yoav Gallant.

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10 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Ministro da Defesa de Israel diz que ataque ao Irã será ‘letal’ e ‘surpreendente’
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, alertou na quarta, 9, que a retaliação contra o Irã será “letal, precisa e, acima de tudo, surpreendente”. Segundo a Associated Press, os comentários ocorreram durante visita na quarta-feira a uma unidade de inteligência israelense. “Eles não entenderão o que aconteceu e como. Eles verão os resultados”, acrescentou Gallant.

As falas do ministro da Defesa foram realizadas horas depois de uma ligação entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos EUA, Joe Biden, para alinhar informações sobre a ofensiva israelense contra o Irã. Gallant disse ainda que “quem atacar Israel será prejudicado e pagará um preço”.

Os comentários sinalizam também uma escalada das tensões na região. De acordo com o jornal The Times of Israel, chefe de equipe das Forças de Defesa de Israel (IDF, em inglês), tenente-general Herzi Halevi, afirmou que o exército israelense continuará os ataques contra o Hezbollah, no Líbano, e que “não permitirá qualquer trégua ou recuperação” do grupo militante.

Em Gaza, uma operação israelense em larga escala na parte norte do território palestino deixou dezenas de mortos e ameaçou fechar três hospitais, disseram autoridades e moradores palestinos.

Na quarta-feira, as Nações Unidas revelaram que a crise provocada pelo conflito e pela situação humanitária no Líbano atingiu uma “proporção catastrófica”.

De Beirute, a coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, disse a jornalistas que a situação é grave. Ela afirmou que as pessoas “pagam um preço que não se imaginava” após as mortes, os desalojados e os feridos.

Segundo ela, tudo mudou incluindo a percepção do perigo em Israel desde o ataque do Hamas ao país, em 7 de outubro de 2023. A representante disse que “o fogo deve cessar” e é preciso uma oportunidade para o Líbano agora.

Para Hennis-Plasschaert, “a continuação das mortes e da destruição observados até agora não poderá e nem irá trazer segurança”.  Ela defende que a atual realidade “pode levar a vitórias táticas, mas ganhos estratégicos de longo prazo continuarão sendo uma ilusão”.

Já o chefe humanitário da ONU no Líbano, Imran Riza, declarou que a piora da violência nas últimas semanas marca uma das “épocas mais mortais da história recente do Líbano”.

Ele explicou que mais de 100 crianças e 30 mulheres estão entre as milhares de vítimas fatais dos ataques que estão impactando diretamente mais de 1 milhão de pessoas.

Pelo menos 75% de escolas libanesas foram transformadas em abrigos num conflito “com impacto imenso em crianças”.

Também nesta quarta-feira, o Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, confirmou a piora da situação enquanto realiza ações de resposta para alcançar deslocados e afetados pelos ataques no Líbano

Ataques aéreos prosseguiram em alta intensidade nos últimos dias em áreas do sul e leste. O Ministério da Saúde Pública do Líbano confirmou mais de 2.083 mortes e 9.869 feridos após diferentes episódios ocorridos desde 8 de outubro de 2023.

O número de pessoas deslocadas chega agora a 180,7 mil vivendo em 978 abrigos. Pelo menos 80% desses locais já atingiram a capacidade máxima.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, relata que com a proximidade do início do novo ano letivo, em 4 de novembro, cerca de 350 mil crianças foram deslocadas pelo conflito.

Uma situação preocupante é o custo humano da violência crescente em todo o país e, em particular, no contexto de muitas vítimas civis. Entre elas estão menores de idade, mulheres e deslocados em massa.

O Ocha fez um apelo à comunidade humanitária e às partes envolvidas para que assumam a proteção de civis e trabalhadores humanitários como prioridade máxima, observando suas obrigações sob o direito humanitário internacional.

O uso de explosivos em áreas densamente povoadas e a emissão de ordens de deslocamento forçado também causam danos em civis. O Ocha pede uma resposta urgente aos casos de violência e garantia de segurança aos funcionários do setor.

O Unicef relatou ter havido uma “enorme pressão” para assegurar a entrega de 167 toneladas de suprimentos médicos para apoiar cerca de 2 milhões de pessoas impactadas pelo conflito.

A agência também integra uma iniciativa envolvendo a Organização Internacional do Trabalho para dar resposta a pessoas com deficiência no Líbano. A ação do Ministério de Assuntos Sociais deve apoiar 27 mil beneficiários entre 15 e 30 anos.

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, anunciou aumento do número de beneficiários de comida para 1 milhão de afetados pela crise. A agência lançou um apelo internacional em favor da mobilização de recursos para a ação humanitária.