Economia
Sabatina

Galípolo diz que Lula deu garantia de liberdade na tomada de decisões

O diretor de Política Monetária do BC comentou ser um privilégio ter sido indicado para presidir o Banco Central pelo presidente Lula.

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08 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Galípolo diz que Lula deu garantia de liberdade na tomada de decisões
O diretor de Política Monetária do Banco Central e indicado à presidência da instituição a partir de 2025, Gabriel Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central e indicado à presidência da instituição a partir de 2025, Gabriel Galípolo, disse na manhã desta terça-feira, 8, que sempre ouviu do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a garantia da liberdade na tomada de decisões da instituição.

“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro, que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro”, relatou, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

O diretor comentou ser um privilégio ter sido indicado para presidir o Banco Central pelo presidente Lula. “Estar indicado pelo presidente Lula é uma grande honra e enorme responsabilidade.”

Ele também salientou que compete ao BC ser o guardião da moeda. “A confiança depositada à instituição é um dos pilares centrais da sociedade civil organizada como nós conhecemos. Então isso por si só já é uma enorme responsabilidade. Essa responsabilidade ela é amplificada pelos desafios impostos, pelo quadro histórico em que a gente vive, mas também pela confiança que é depositada em mim e em toda a diretoria do Banco Central”, mencionou.

Galípolo disse que, apesar de poder estar “meio fora de moda”, a tentativa é de evitar antagonismos e cizânias para tentar construir e exaltar a convergência e o diálogo. “Faço questão de reafirmar: todas as conversas com as senadoras e senadores, independente do partido, se oposição ou situação, também foram todas no sentido de me assegurar a liberdade na gestão e de manter o compromisso com o nosso povo e com o nosso País”, descreveu.

O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou ainda que cabe à instituição colocar o juro em nível restritivo pelo tempo necessário para atingir meta.

“Sou daqueles que defendem que o Banco Central não deveria nem votar na meta de inflação dentro do Conselho Monetário Nacional (CMN)”, repetiu. “Hoje temos uma meta estabelecida de 3,0%, que cabe ao Banco Central perseguir de maneira efetiva, colocando a taxa de juros em um nível restritivo pelo tempo que for necessário para se atingir essa meta. Essa é a função do Banco Central, assim que funciona o arcabouço institucional e legal do Banco Central”, continuou.

Ele comentou sobre o tema ao abordar a questão da autonomia da instituição. “Sou relativamente novo na vida pública, mas aprendi que nos debates da vida pública existem algumas palavras-chave, que são quase um gatilho. E eu aprendi que autonomia é uma dessas palavras que costumam gerar um debate acalorado”, argumentou. “Eu costumo brincar: a gente precisa fazer um rebrand, a gente precisa reexplicar a ideia de autonomia”, disse.

Galípolo salientou que o BC tem autonomia operacional para buscar as metas que foram estabelecidas pelo poder democraticamente eleito. “A gente só pode até a adolescência achar que fazemos o que bem entendemos. Depois disso, não podemos mais achar isso”, considerou, continuando com a afirmação de que cabe ao BC e à sua diretoria perseguirem a meta de inflação.

A autonomia da autoridade monetária, de acordo com o diretor, não deve passar a ideia de que o BC deve “virar as costas” ao poder democraticamente eleito. Ele também reforçou a necessidade de haver um arcabouço institucional que permita ao BC desempenhar suas funções.

O diretor de Política Monetária do Banco Central disse que a economia brasileira tem dando sinais de estar em um estágio diferente do restante do mundo. Segundo ele, os dados sugerem que a economia brasileira não está em processo de desaceleração.

“Quando a gente olha para a economia brasileira, ela dá sinais de estar em um estágio diferente de boa parte das economias do mundo. Se pegarmos o início dos anos 2000, tinha uma série de fatores que colaboravam, China crescendo e exportando desinflação e importando commodities. EUA e Europa com taxas de juros baixas e jogando liquidez no mundo. Hoje, Japão está começando a subir juros depois de muito tempo, China em desaceleração, EUA na discussão de aterrissagem suave ou abrupta”, afirmou Galípolo, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Segundo ele, “os dados do Brasil são de desemprego na mínima da série histórica, renda com crescimento de 12% desde o início de 2023 e uma combinação entre inflação e desemprego que vai estar entre as melhores desde o Plano Real, a indústria no máximo da capacidade instalada dos últimos 11 anos, serviço no máximo dos últimos dois (anos)”.

Galípolo disse que “vários dados sugerem uma economia que não está em processo de desaceleração, parece estar pujante” e completou: “Isso não é ruim, mas cabe ao Banco Central estar de olho na inflação.”

E finalizou: “Isso sugere ao BC que a gente deve assistir a um processo de desinflação mais lento e mais custoso. Como não cabe ao BC correr risco, a função é ser mais conservador para garantir que a taxa de juros está no patamar necessário para se atingir a meta que foi definida.”