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Israel intensifica bombardeios em Gaza no primeiro aniversário da guerra

Por sua vez, o Hamas disse que atingiu a capital comercial de Israel, Tel Aviv, com uma salva de mísseis, fazendo disparar sirenes.

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08 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Israel intensifica bombardeios em Gaza no primeiro aniversário da guerra
Região de Gaza volta a sofrer com fortes bombardeios

Israel intensificou sua ofensiva aérea e terrestre em Gaza com mais ataques a militantes e postos de comando do Hamas na segunda-feira (7), quando ambos os lados marcaram o primeiro aniversário de uma guerra que destruiu grande parte do território e abalou a vida de seu povo.

Por sua vez, o Hamas disse que atingiu a capital comercial de Israel, Tel Aviv, com uma salva de mísseis, fazendo disparar sirenes no centro de Israel. Duas pessoas ficaram levemente feridas, de acordo com o serviço de ambulância israelense.

O lançamento de foguete sinalizou a capacidade duradoura do Hamas de contra-atacar, apesar da prolongada campanha militar israelense que degradou seriamente sua capacidade de combate, um ano após a incursão transfronteiriça do Hamas em Israel, que deu início à guerra.

O aliado menor do Hamas, a Jihad Islâmica, afirmou que atingiu Sderot, Nir Am e outras cidades israelenses próximas a Gaza com foguetes. As Forças Armadas israelenses disseram que interceptaram cinco foguetes disparados de Gaza.

Os militantes liderados pelo Hamas invadiram cidades israelenses e kibutz próximos à fronteira em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.

A subsequente campanha militar de Israel em Gaza matou quase 42 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave costeiro, deslocou quase toda a população de 2,3 milhões de pessoas e causou uma crise de fome e de saúde.

Israel afirma que os militantes lutam com cobertura de áreas residenciais construídas no território densamente povoado, incluindo escolas e hospitais. O Hamas nega.

Na segunda-feira, tanques israelenses avançaram para Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados urbanos históricos da Faixa de Gaza, depois de cercá-lo, segundo os moradores. Logo após o lançamento de foguete, os militares israelenses expandiram as ordens de retirada em Jabalia para cobrir áreas nas cidades de Beit Hanoun e Beit Lahiya, ao norte.

Moradores disseram que as forças israelenses bombardearam Jabalia do ar e do solo, e os médicos disseram que vários palestinos foram mortos, e as equipes de resgate não conseguiram chegar a algumas das vítimas.

Mais tarde na segunda-feira, médicos palestinos disseram que um ataque aéreo israelense matou cinco palestinos a oeste de Jabalia.

Os militares israelenses disseram que mataram dezenas de militantes e desmantelaram a infraestrutura militar em Jabalia, afirmando que a operação continuaria para evitar que o Hamas se reagrupasse.

Na cidade central de Deir Al-Balah, onde 1 milhão de pessoas deslocadas estão abrigadas, um ataque aéreo israelense atingiu barracas dentro do Hospital Al-Aqsa, ferindo 11 pessoas, segundo médicos palestinos. Os militares israelenses disseram que o ataque atingiu militantes do Hamas que operavam em um centro de comando instalado dentro do hospital.

O secretário-geral da ONU divulgou uma mensagem de vídeo em alusão ao dia 7 de outubro de 2023, quando o Hamas “lançou um ataque terrorista em grande escala em Israel, matando mais de 1.250 israelenses e cidadãos estrangeiros, incluindo crianças e mulheres”.

Um ano após os acontecimentos do que classifica de “dia terrível”, António Guterres disse que o ataque “deixou cicatrizes nas almas”.

O líder da ONU afirmou que a data serve para recordar “todos aqueles que foram brutalmente mortos e sofreram violência indescritível, incluindo violência sexual, enquanto simplesmente viviam as suas vidas”.

Ele adicionou que a comunidade global deve “repetir na mais alta voz a condenação total dos atos abomináveis ​​do Hamas, incluindo a tomada de reféns”.

O secretário-geral relatou que ao longo do ano passado realizou encontros com as famílias dos reféns e aprendeu mais “sobre as vidas, esperanças e sonhos dos seus entes queridos, partilhando da sua angústia e dor”.

Ele se disse incapaz de imaginar “a tortura que são obrigados a suportar todos os dias” e exigiu mais uma vez a libertação imediata e incondicional de todos os reféns.  Até lá, o Hamas deve permitir que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha visite esses reféns, adicionou Guterres.

O chefe das Nações Unidas expressou solidariedade a todas as vítimas e aos seus entes queridos.

Ele prosseguiu dizendo que desde aquela data irrompeu uma “onda de violência chocante e derramamento de sangue”. Segundo Guterres, a guerra que se seguiu aos terríveis ataques de um ano atrás, continua a “destruir vidas e a infligir profundo sofrimento humano aos palestinos em Gaza, e agora ao povo do Líbano”.

O líder da ONU afirmou que chegou a hora da libertação dos reféns, de “silenciar as armas” e de “acabar com o sofrimento que tomou conta da região”.  Fazendo um apelo por paz, respeito ao direito internacional e justiça, ele ressaltou que as Nações Unidas estão “totalmente empenhadas em alcançar esses objetivos”.

Guterres disse que no meio de tanto “derramamento de sangue e divisão, devemos manter a esperança”. O secretário-geral fez um apelo pela honra da memória das vítimas, pela reunificação das famílias e pelo fim do sofrimento e da violência em todo o Oriente Médio.

O líder da ONU defendeu a continuidade do trabalho por uma solução duradoura para o conflito, “onde Israel, a Palestina e todos os outros países da região possam finalmente viver em paz e dignidade e com respeito mútuo”.