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Walkie-talkies do Hezbollah explodem em redutos do grupo no Líbano

Uma das explosões ocorreu nos funerais de três membros do Hezbollah e uma criança mortas na terça no caso dos pagers, mas foram registrados ataques em diversos pontos do país.

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18 de setembro de 2024
Walkie-talkies do Hezbollah explodem em redutos do grupo no Líbano
Foto: Reuters

Um dia depois de explosões simultâneas de pagers usados pelo grupo radical xiita Hezbollah terem ocorrido em vários pontos do Líbano, matando 12 pessoas e ferindo outras 3 mil, walkie-talkies usados pelos militantes do grupo também explodiram na quarta-feira, 18.

Uma das explosões ocorreu nos funerais de três membros do Hezbollah e uma criança mortas na terça na explosão dos pagers, mas foram registrados ataques em diversos pontos do país. Segundo a agência Reuters, os walkie-talkies, assim como os pagers, tinham sido comprados cinco meses atrás. O Hezbollah evita se comunicar por celular por medo de espionagem por parte de Israel e historicamente recorre a dispositivos com tecnologias offline.

A Cruz Vermelha Libanesa disse que 30 equipes de ambulância estavam respondendo a “múltiplas explosões” em diferentes áreas do Líbano, incluindo o sul e o leste do país. Autoridades libanesas acreditam que a agência de espionagem israelense Mossad colocou explosivos dentro de pagers importados pelo Hezbollah meses antes das detonações. A agência tem um longo histórico de operações sofisticadas em solo estrangeiro.

O Hezbollah reivindicou seu primeiro ataque transfronteiriço desde a série de explosões de pagers, atingindo na tarde de quarta-feira o que disse serem posições de artilharia israelense com foguetes. Os ataques não pareciam fazer parte da retaliação esperada pelas explosões do dia anterior, e o grupo disse que foi em resposta aos ataques israelenses no sul do Líbano.

A crise entre Israel e Hezbollah se agravou depois de que autoridades israelenses declararam na terça-feira que a milícia xiita tinha se tornado um alvo da guerra desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro. No mesmo dia, os ataques contra os pagers foram lançados.

Autoridades americanas disseram na terça que não sabiam do plano para atacar o Hezbollah e Israel não assume oficialmente a autoria dos ataques. A crescente tensão no Líbano pode agravar o conflito na região. O Irã financia tanto o Hezbollah quanto o Hamas e já trocou disparos com Israel depois da morte de membros da Guarda Revolucionária na Síria.

Os pagers de modelo AR-924 que explodiram no Líbano, em ataque contra o grupo xiita Hezbollah, foram feitos pela empresa BAC Consulting KFT, que tem sede na Hungria. De acordo com informações da Associated Press, a taiwanesa Gold Apollo, que autorizou o uso de sua marca nos pagers, fez uma declaração acusando a companhia.

O presidente da Gold Apollo, Hsu Ching-kuang, disse aos jornalistas na quarta-feira, 18, que a empresa tem um acordo de licenciamento com a BAC nos últimos três anos. “Autorizamos a BAC a usar nossa marca registrada para vendas de produtos em regiões designadas, mas o design e a fabricação dos produtos são de responsabilidade exclusiva da BAC”, afirmou.

No entanto, para a NBC News, a chefe-executiva da BAC informou: “Eu não faço os pagers. Eu sou apenas a intermediária. Acho que você entendeu errado.” O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, acusou os EUA e seus aliados de apoiarem o ataque de pagers explosivos ao Hezbollah no Líbano e na Síria. “Usar dispositivos, feitos para o bem-estar dos seres humanos, como uma ferramenta para assassinato e aniquilação” daqueles que não têm as mesmas visões dos EUA, Israel e do Ocidente é “uma indicação do colapso da humanidade, bem como da dominação da selvageria e da barbárie”.

“O incidente mostrou mais uma vez que as nações ocidentais e os americanos apoiam totalmente o crime, as mortes e os assassinatos cegos pelo regime sionista, na prática”, acrescentou Pezeshkian.
O Irã é o principal apoiador do Hezbollah, o grupo militante libanês que Israel vê como sua ameaça mais direta. Muitos dos combatentes do grupo foram mortos e feridos nas explosões de terça-feira.