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IPCA registrou queda de 0,02% em agosto

Após uma alta da demanda durante as férias, alguns itens de turismo registraram queda de preços em agosto, como passagens aéreas e aluguel de veículo

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10 de setembro de 2024
IPCA registrou queda de 0,02% em agosto
Foto: - Divulgação

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou agosto com queda de 0,02%, ante uma elevação de 0,38% em julho, informou na terça-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,24%. Neste caso, as projeções dos analistas iam de 4,19% a 4,39%, com mediana de 4,28%.

A queda em agosto de 2024 foi o resultado mais baixo desde junho de 2023, quando o indicador recuou 0,08%. Considerando apenas meses de agosto, a taxa foi a mais branda para o mês desde 2022, quando recuou 0,36%. Em agosto de 2023, a taxa tinha sido de 0,23%. Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses arrefeceu, após três meses de avanços consecutivos, passando de 4,50% em julho para 4,24% em agosto. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%.

Os gastos das famílias com Transportes passaram de uma alta de 1,82% em julho para uma estabilidade (0,00%) em agosto, sem contribuição (0,00 ponto porcentual) para a taxa de -0,02% registrada pelo IPCA de agosto. Os combustíveis subiram 0,61%. Houve altas no gás veicular (4,10%), gasolina (0,67%) e óleo diesel (0,37%). Já o etanol recuou 0,18%. As passagens aéreas registraram queda de 4,93% nos preços. O subitem aliviou o IPCA em -0,03 ponto porcentual. Na direção oposta, a gasolina exerceu a maior pressão individual sobre a inflação do mês, 0,04 ponto porcentual.

As famílias brasileiras gastaram 0,51% a menos com Habitação em agosto, uma contribuição de -0,08 ponto porcentual para a taxa de -0,02% registrada pelo IPCA no mês. A energia elétrica residencial recuou 2,77% em agosto, com o retorno da bandeira tarifária verde, que elimina cobranças extras sobre a conta de luz. Além disso, houve reajustes tarifários: em Porto Alegre, reajuste médio de 0,06% em uma das concessionárias a partir de 19 de agosto; Vitória, com redução de 1,96% a partir de 7 de agosto; São Paulo, com redução média de 2,43% nas tarifas de uma das concessionárias a partir de 4 de julho; São Luís, com redução de 1,11% a partir de 28 de agosto; e Belém, com redução de 2,75% a partir de 7 de agosto.

A taxa de água e esgoto subiu 0,44%, devido a reajustes tarifários de 8,05% em Fortaleza a partir de 5 de agosto; de 5,81% em Salvador a partir de 1º de agosto; de 4,31% em Vitória a partir de 1º de agosto; e redução média de 0,61% em São Paulo a partir de 23 de julho.

O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma redução de 1,00% em julho para queda de 0,44% em agosto, dentro do IPCA. O grupo contribuiu com -0,09 ponto porcentual para a taxa de -0,02% do IPCA do último mês.

A alimentação no domicílio caiu 0,73% em agosto. Ficaram mais baratos a batata inglesa (-19,04%), o tomate (-16,89%) e a cebola (-16,85%). Na direção oposta, houve aumentos no mamão (17,58%), banana-prata (11,37%) e café moído (3,70%).

A alimentação fora do domicílio aumentou 0,33% em agosto. O lanche subiu 0,11%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,44%. O índice de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 47% em julho para 56% em agosto, segundo o IBGE. A difusão de itens alimentícios passou de 39% em julho para 49% em agosto. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 53% em julho para 62% em agosto. A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de um aumento de 0,75% em julho para uma alta de 0,24% em agosto.

Após uma alta da demanda durante as férias de julho, alguns itens de turismo registraram queda de preços em agosto, como passagens aéreas, pacote turístico e aluguel de veículo. “Houve quedas de passagens aéreas e outros serviços de características turísticas, tradicionalmente mais demandados em meses de férias, em que as pessoas viajam mais e demandam mais esse tipo de serviço”, justificou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de alta de 1,08% em julho para recuo de 0,12% em agosto.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,01% em julho para 5,18% em agosto, a mais elevada desde fevereiro de 2024, quando era de 5,25%. Quanto à resistência da inflação de serviços acumulada em 12 meses, Almeida diz que a demanda é um dos fatores que pode influenciar o comportamento dos preços do setor, assim como o aumento de custos.

“O que a gente tem é um maior emprego no País, o PIB com uma alta. São fatores que podem contribuir com alguma demanda, mas a gente tem que esperar para ver como vai se refletir nos índices de preços, tem que observar”, ponderou o pesquisador.