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Ex-presidente faz videochamada com Nunes

A conversa ocorre um dia depois de o clã Bolsonaro levantar a bandeira branca em direção a Pablo Marçal (PRTB), sinalizando um armistício entre o grupo e o ex-coach.

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29 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Ex-presidente faz videochamada com Nunes
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma chamada de vídeo com o prefeito Ricardo Nunes, enquanto o emedebista cumpria agenda ao lado de seu vice, o coronel Ricardo Mello Araújo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma chamada de vídeo com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na manhã de quinta-feira, 29, enquanto o emedebista cumpria agenda ao lado de seu vice, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL). A conversa ocorre um dia depois de o clã Bolsonaro levantar a bandeira branca em direção a Pablo Marçal (PRTB), sinalizando um armistício entre o grupo e o ex-coach.

“Ele [Bolsonaro] ligou durante a agenda minha e do Mello aqui em Guaianases – bairro da zona leste da capital. A ligação foi para desejar boa sorte, demonstrar apoio”, afirmou Ricardo Nunes, acrescentando que o ex-presidente também conversou com apoiadores que estavam em sua volta.

A ligação ocorre exatamente um dia depois que a família Bolsonaro decidiu selar a paz com Pablo Marçal, adversário direto de Nunes. O vereador do Rio de Janeiro e candidato à reeleição Carlos Bolsonaro (PL) afirmou na noite desta quarta-feira (28) que conversou por telefone com o ex-coach, a quem se referiu como “educado e bacana”. “Expusemos nossos pontos e fico feliz em saber que queremos rumar na mesma direção quando falamos de Brasil”, escreveu Carlos, que recentemente foi chamado de “retardado mental” e “imbecil” por Marçal.

“Falamos sobre o 7 de setembro, censura e tudo que o país vem atravessando já há muito tempo. Outro ponto focal em que fiz questão de frisar é que não existe a formação de um gabinete direcionado para nenhum tipo de ação e que ambos sofremos cobranças naturais no processo em que estamos dispostos a atravessar e o sentimento que as pessoas têm quando esse assunto é abordado”, publicou Carlos.

Em entrevista ao Flow Podcast no mesmo dia, Marçal confirmou a conversa e disse que ela foi intermediada pelo deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL). “Hoje (quarta) foi a primeira vez que falei com ele (Carlos Bolsonaro) por telefone. Eu liguei para ele. Na verdade, um amigo nosso, o Nikolas, me ligou e perguntou: ‘Você topa falar com ele?’. Colocou na videochamada e resolvemos nosso problema. Está resolvido”, relatou o ex-coach.

Na quarta, em mais um gesto de aproximação com Marçal, Bolsonaro gravou um vídeo autorizando outros candidatos à Prefeitura da capital a participarem das manifestações de 7 de setembro e a subirem no carro de som. No vídeo, Bolsonaro não cita o nome de nenhum candidato e reforça que não será um ato político, mas sim “patriótico”.

Marçal disse que deverá manter sua estratégia de cortes de vídeos durante os debates eleitorais e que a Justiça precisa de uma reciclagem para entender as redes sociais. Ele contou que utiliza técnicas de storytelling durante os embates. O ex-coach afirmou que, durante o primeiro debate entre os candidatos, promovido pela Band em 9 de agosto, ele já estava com a carteira de trabalho no bolso, mas não tinha “energia” no ambiente para utilizá-la.

“Foi um investimento de uma hora para entrar no emocional dele”, disse o ex-coach sobre as provocações feitas ao adversário Guilherme Boulos (PSOL) no debate promovido por Estadão, portal Terra e Faap em 14 de agosto. “Se sentou do meu lado já vai sair em corte poderoso”, disse, após mencionar que o deputado federal psolista foi sorteado para ficar ao lado dele no próximo debate.

Marçal ainda disse que, no processo eleitoral, é preciso “ser um idiota” e que irá levantar a bandeira branca quando encerrar as eleições. “No debate da Veja, a outra pessoa que veio para cima de mim só veio com baixaria de último nível. Aí eu falei, eu não vou cair neste jogo. Engraçado. Não deu um corte, não gerou nada Não dá nada. É como se você perdesse seu tempo ali, naquele lugar”, disse o ex-coach.

O candidato afirmou que não irá publicar direito de respostas de Boulos em suas redes sociais porque a Justiça derrubou suas contas. A Justiça Eleitoral pediu a retirada do ar das mídias do ex-coach no último sábado, 24, por indícios de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.
Em outra decisão, o TRE-SP restabeleceu o direito de resposta de Boulos nas redes sociais de Marçal, após entender, por unanimidade, que as expressões utilizadas por Marçal em seus vídeos, como “aspirador de pó”, eram ofensivas à honra e à imagem de Boulos, configurando propaganda eleitoral negativa.

Questionado sobre quando começou a pensar em ser candidato à Prefeitura de São Paulo, Marçal respondeu que passou a olhar para a oportunidade no ano passado e ressaltou o desejo de entrar no Partido Liberal, o mesmo partido de Jair Bolsonaro. “Tem dois anos que quero entrar no PL”, disse.
Marçal contou que conseguiu lançar sua candidatura à Presidência em 2022 porque o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) foi o único a permitir sua filiação, entre 30 siglas, e disse ter inveja do presidente Lula (PT) por ele conseguir permanecer na mesma legenda por tanto tempo. “Não sei como ele dá conta. […] Um partido é uma comissão cheia de gente problemática. Eles acordam todo dia querendo derrubar todo mundo, não tem um dia de paz”, afirmou.