Estados
Mpox

Brasil instala centro de operações de emergência

De acordo com o ministério, desde a primeira emergência decretada em razão da doença, de 2022 a 2023, a vigilância para a mpox se manteve como prioridade.

Compartilhe:
15 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Brasil instala centro de operações de emergência
A ministra da Saúde, Nísia Trindrade, deu entrevista durante instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde para coordenar ações de resposta à Mpox (COE-Mpox). Foto: José Cruz/Agência Brasil

O Ministério da Saúde instalou na quinta-feira (15) um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para coordenar as ações de resposta à mpox no Brasil. A doença foi declarada emergência em saúde pública de importância internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados da pasta brasileira indicam que, desde 2023, o país apresenta estabilidade no número de infecções.

De acordo com o ministério, desde a primeira emergência decretada em razão da doença, de 2022 a 2023, a vigilância para a mpox se manteve como prioridade. A pasta informou que vinha monitorando atentamente a situação mundial e as informações compartilhadas pela OMS e por outras instituições e que já iniciou a atualização das recomendações e do plano de contingência para a doença no Brasil.

Dados do ministério mostram que, em 2024, foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis de mpox no Brasil, um número classificado pela pasta como “significativamente menor” quando comparado aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da primeira emergência da doença no país. Desde 2022, foram registrados ainda 16 óbitos, sendo o mais recente em abril de 2023.

Ainda segundo o ministério, a vacinação contra a mpox no Brasil foi iniciada em 2023, durante a primeira emergência global pela doença, com o uso provisório de uma dose liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e priorizando pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença. Desde o início da imunização, mais de 29 mil doses foram aplicadas.

Mesmo declarando a mpox uma emergência de saúde pública de interesse internacional, a OMS não recomenda a vacinação em massa contra o vírus causador da doença. Desde o surto de 2022, a orientação da entidade é vacinar públicos mais suscetíveis à infecção e à sua manifestação grave, além das pessoas que já foram expostas, a fim de evitar a transmissão para novos indivíduos.

Pessoas entre 18 e 49 anos que vivem com HIV/Aids e profissionais que atuam diretamente em contato com o vírus em laboratórios devem tomar a vacina. Caso haja vacina disponível na rede, a imunização pode ser indicada também para indivíduos em situação de profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). Nesses casos, a orientação é que a aplicação da vacina seja feita com um intervalo de 30 dias entre qualquer imunizante previamente administrado. A estratégia de vacinar públicos específicos se deve à limitação de produção e acesso aos imunizantes.

Além da vacina Jynneos, a OMS recomenda o imunizante ACAM2000, que é produzido pela farmacêutica Sanofi Pasteur e voltado para proteção contra a varíola, porém não possui aprovação em todos os países. A vacina tem o aval das agências reguladoras dos Estados Unidos e da Europa, mas não do Brasil, por exemplo. A ACAM2000 também não está amplamente disponível e seu uso está sujeito às mesmas orientações da OMS.

Nesse cenário – e antes mesmo de declarar a mpox uma emergência de saúde de interesse internacional – a OMS emitiu um comunicado solicitando que fabricantes de vacinas contra o vírus submetam pedidos de análise de uso emergencial de seus produtos. Esse tipo de liberação permite agilizar o acesso aos imunizantes em situações de urgência de saúde pública.

A Agência de Saúde Pública da Suécia confirmou na quinta-feira, 15, o primeiro caso da variante de Mpox fora do continente africano.Segundo a instituição, uma pessoa procurou assistência médica em Estocolmo, e foi contaminada pela variante clade I, que causou um surto recente na República Democrática do Congo.

“Uma pessoa foi infectada durante uma estadia na parte da África onde há um grande surto de Mpox clade I”, disse Magnus Gisslén, epidemiologista estadual da Agência de Saúde Pública da Suécia.