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Retaliação

Tropas de Israel lançam novo ataque em Gaza

Estados Unidos, Egito e Catar fizeram uma declaração conjunta e solicitaram que seja realizada uma nova rodada de negociações em Doha ou no Cairo

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09 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Tropas de Israel lançam novo ataque em Gaza
Segundo militares de Israel, o ataque desta sexta-feira atingiu 30 alvos do Hamas na cidade, incluindo combatentes e locais de armazenamento de armas.

As tropas israelenses lançaram um novo ataque na cidade de Khan Younis, ao sul de Gaza, na sexta-feira, 9. A ofensiva, que tinha como alvo combatentes do Hamas que operam na região, acontece em um momento em que mediadores dos Estados Unidos, Egito e Catar pressionam para que Israel e Hamas cheguem a um acordo de cessar-fogo.

Autoridades americanas e israelenses disseram acreditar que Yahya Sinwar, o recém-nomeado líder máximo do grupo terrorista, pode estar escondido em túneis sob Khan Younis. Segundo militares de Israel, o ataque desta sexta-feira atingiu 30 alvos do Hamas na cidade, incluindo combatentes e locais de armazenamento de armas.

Estados Unidos, Egito e Catar fizeram uma declaração conjunta e solicitaram que seja realizada uma nova rodada de negociações em Doha ou no Cairo, e pressionaram para os lados seguirem em frente. “Não há mais tempo a perder nem desculpas de nenhuma parte para mais atrasos”, escreveram.

Após 10 meses de guerra em Gaza, a iniciativa dos mediadores visa retomar as negociações indiretas para um cessar-fogo que estão suspensas desde que o antecessor de Sinwar, Ismail Haniyeh, foi assassinado em uma suposta explosão israelense em Teerã.

O chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária Iraniana, que lidera as operações da guarda na região, repetiu as promessas de retaliação em uma carta a Sinwar, cuja cópia foi vista pela Associated Press. “Estamos nos preparando para vingar seu sangue”, escreveu Ismail Qaani, referindo-se a Haniyeh.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse estar “chocado” com as palavras do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, sobre a situação da fome em Gaza. 

Segundo agências de notícias, o alto oficial israelense causou indignação internacional ao declarar que “ninguém no mundo nos permitirá fazer passar fome 2 milhões de pessoas, mesmo que possa ser justificado e moral para libertar os reféns”.

Turk condenou estas palavras nos termos mais veementes, afirmando que elas incitam ao ódio contra civis inocentes.

Em mensagem transmitida pelo porta-voz de Direitos Humanos, Jeremy Laurence, ele disse que “a fome de civis como método de guerra é um crime de guerra”, bem como a “punição coletiva do povo palestino”.

Laurance adicionou que esta declaração direta e pública corre o risco de incitar outros crimes atrozes e pediu o fim imediato deste tipo de comentário. O porta-voz ressaltou que falas dessa natureza devem ser investigadas e, se forem consideradas crimes, os responsáveis devem ser processados ​​e punidos.

A especialista sênior de comunicações da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, Louise Wateridge, apresentou na sexta-feira uma atualização sobre a situação das pessoas forçadas a fugir.

Ela disse que os efeitos das mais recentes ordens de evacuação em Khan Younis são visíveis. Nesta quinta-feira, foram avistadas centenas de famílias em fuga e com cada vez menos pertences e a maioria delas realizando o êxodo a pé em uma estrada repleta de poeira.

A representante da Unrwa descreveu que a maioria das crianças carregava mochilas nas costas e na frente do corpo, algumas delas tinham menos de 10 anos e outras estavam fazendo o trajeto sozinhas, sem família ao redor.

Louise Wateridge destacou que essa cena ocorria sob um calor de mais de 30°C e que não viu quase ninguém bebendo ou tendo acesso à água. Segundo ela a expressão e a atitude das pessoas a todo momento refletiam “a devastação, o medo, a ansiedade e a desesperança que elas estão enfrentando”.

A especialista de comunicações sublinhou que essas “cenas horríveis” revelam o drama destas pessoas forçadas a fugir “sem absolutamente nenhuma segurança e sem ter para onde ir”. Ela afirmou que é “simplesmente trágico” que isso esteja acontecendo repetidamente.

A representante da Unrwa disse que a agência está trabalhando com a Organização Mundial da Saúde, OMS, e com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, bem como com o Ministério da saúde local para uma campanha de vacinação contra a poliomielite.

Ela afirmou que a iniciativa seria muito mais fácil e rápida com um cessar-fogo, que tem sido demandado a vários meses e irá “beneficiar profundamente” todos os tipos de resposta humanitária em Gaza.

A especialista declarou que a Unrwa está “profundamente comprometida” em liderar a vacinação, devido a sua vasta presença e experiência no enclave. No entanto, ela disse que as contínuas ordens de evacuação vão tornar a imunização muito difícil. 

Segundo Louise Wateridge, a expectativa é de que a campanha de vacinação comece em algumas semanas, ainda no mês de agosto. Ela insistiu na importância de um cessar-fogo ou pausa humanitária neste período.