A economia dos Estados Unidos criou 114 mil empregos em julho, em termos líquidos, segundo relatório publicado na sexta-feira, 2, pelo Departamento do Trabalho do país.
O relatório, conhecido como payroll, mostrou também que a taxa de desemprego dos EUA aumentou para 4,3% em julho, ante 4,1% em junho. A previsão era de que a taxa permaneceria em 4,1% no mês passado.
O Departamento do Trabalho revisou para baixo o número de criação de empregos de junho, de 206 mil para 179 mil, assim como o de maio, de 218 mil para 216 mil.
Em julho, o salário médio por hora teve alta de 0,23% em relação a junho, ou US$ 0,08, a US$ 35,07, variação que ficou abaixo da projeção do mercado, de 0,30%.
Na comparação anual, houve ganho salarial de 3,63% no último mês, também aquém da previsão de 3,70%.
Após o relatório payroll apontar avanço do desemprego nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, alertou contra uma “reação exagerada” ao dado de apenas um mês.
O dirigente argumentou que o mercado de trabalho e a inflação estão normalizando em direção a condições semelhantes às observadas antes da pandemia de covid-19.
Goolsbee admitiu que algumas métricas indicam um sinal de alerta para a economia dos EUA, entre elas o aumento da inadimplência do cartão de crédito.
No entanto, o Produto Interno Bruto (PIB) ainda está crescendo perto da tendência histórica, apesar de sinais de desaceleração.
O presidente do Federal Reserve de Chicago evitou responder se a próxima decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve ser por um corte de 50 pontos-base nos juros. Ele voltou a defender que o ritmo de relaxamento monetário dependerá da evolução dos indicadores econômicos.
O dirigente lembrou que os integrantes do Fomc esperam “múltiplos” cortes na taxa básica ao longo do ano que vem.
Para ele, com os juros atualmente restritivos, a instituição precisa prestar mais atenção no lado do emprego do mandato duplo. Uma taxa de desemprego acima de 4,1% é uma condição que merece uma reação do Fed.
Goolsbee reconheceu que o payroll em julho apontou para um esfriamento que pode ligar o alerta do Conselho, mas destacou que não se pode reagir excessivamente a dados econômicos de um único mês.
“Sim, os dados do mercado de trabalho têm apontado para um esfriamento do setor, conforme já vínhamos esperando”, afirmou.
Segundo ele, se a inflação continuar desacelerando e o mercado de trabalho seguir sua trajetória descendente, o Fed deverá cortar juros.
Goolsbee é membro alternativo do Conselho do Fed neste ano e não vota nas decisões deste ano.
Desde a divulgação do payroll mais cedo, o mercado passou a precificar uma redução de meio ponto porcentual nos juros já em setembro.
O Citi, por exemplo, agora prevê um corte dessa magnitude na próxima reunião. No entanto, em entrevista The New York Times, o presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, indicou não estar pronto para apoiar um corte desse tamanho.