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Fed mantém taxa de juros dos EUA entre 5,25% e 5,50%

O BC norte-americano ainda pontuou que está preparado para ajustar a política monetária conforme apropriado caso seja necessário

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31 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Fed mantém taxa de juros dos EUA entre 5,25% e 5,50%
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve a taxa dos Fed Funds na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, em comunicado divulgado no período da tarde de quarta-feira, 31. A decisão unânime está em linha com as expectativas do mercado financeiro.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), informou em comunicado de política monetária que qualquer ajuste nos juros dos Estados Unidos levará em consideração uma análise cuidadosa dos dados econômicos, da perspectiva econômica e do balanço de riscos.

O BC norte-americano ainda pontuou que está preparado para ajustar a política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir o atingimento das suas metas. A instituição ainda acrescentou que a perspectiva econômica está “incerta” e que está atenta aos riscos para ambos os lados.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que é possível cortar os juros nos Estados Unidos em setembro sem envolver a decisão monetária com a política no país, em meio à corrida à Casa Branca.

“Nunca usamos nossas ferramentas para apoiar ou nos opor a um partido político, um político ou qualquer resultado político”, disse.

Segundo ele, o Fed se baseia em dados, perspectiva e balanço de riscos. “E apenas nisso”, disse, acrescentando que é a sua quarta eleição presidencial no Fed.

Powell afirmou que os dirigentes do BC dos EUA não sabem quem ganhará eleição ou que fará. “Não sabemos o que eles vão fazer. Não agimos como se soubéssemos. E simplesmente não podemos fazer isso, nós basicamente, temos nossa previsão”.

Conforme o presidente do Fed, a autoridade nunca tentaria tomar decisões políticas com base no resultado de uma eleição que ainda não aconteceu. “É uma linha que nunca cruzaríamos. Não queremos nos envolver em nenhuma política e de forma alguma”, concluiu.

O presidente do Federal Reserve afirmou que os dirigentes da autoridade monetária têm “diferenças significativas” em suas avaliações, mas isso não é um problema. “Há dissidências, não tem problema, e ninguém tem poder de veto no Fed”, disse.

Segundo ele, as divergências acontecem e fazem parte de um processo. “Há uma gama de visões, as pessoas têm maneiras diferentes de pensar sobre a economia, e então, nas atas, nós vamos expor isso de uma forma muito, muito melhor”, explicou.

Powell reforçou que a decisão de quarta, que manteve os juros inalterados, foi unânime embora alguns dirigentes tenham levantado a possibilidade de um corte já na reunião desta semana. Se houver dissidência sobre uma redução de taxas no futuro, também não haverá problema, minimizou.

O presidente do Federal Reserve disse que há bolsões de fraqueza em algumas regiões dos Estados Unidos, mas que, no geral, a demanda do setor privado “parece positiva”.

“As compras finais domésticas privadas são um bom indicador de demanda privada”, afirmou Powell.
Conforme ele, é importante ouvir dados anedóticos e agregados. “Os dados do PIB são trimestrais, então, é difícil medir a atividade econômica. Por isso eu olho para ambos”, afirmou, a jornalistas.

O presidente do Federal Reserve afirmou que se aproxima o momento de ajuste nos juros americanos para apoiar a economia dos Estados Unidos. “Está chegando a hora de ajustar isso para que possamos apoiar esse processo contínuo”, disse.

Powell afirmou ainda que o Fed pode começar a retirar um pouco do nível de restrição dos juros, em linha com outros banqueiros centrais. “Está chegando a hora, pois outros bancos centrais ao redor do mundo estão enfrentando a mesma questão, e está chegando a hora em que começará a ser apropriado reduzir esse nível de restrições para que possamos abordar ambos os mandatos”, afirmou.

Segundo ele, a melhora nos preços permite que o Fed não esteja 100% focado na inflação do país e que o movimento recente de desinflação é puxado por habitação e serviços. “A missão ainda não está cumprida, reforço isso, mas destaco o progresso”, disse.

Na sua visão, há agora uma desinflação mais disseminada na maior economia do mundo e os riscos de baixa para o mercado de trabalho americano são reais.

“Os riscos de alta para inflação diminuíram, conforme mercado de trabalho desacelera”, avaliou Powell. “Não parece uma economia superaquecida, e parece uma economia que está se normalizando”, acrescentou.

O presidente do Federal Reserve afirmou que um corte inicial da ordem de 50 pontos-base não está na mesa agora. “Se obtivermos dados que desejamos, um corte em setembro estaria em análise”, disse.
Segundo ele, alguns dirigentes já cogitaram começar a cortar as taxas no encontro dessa semana.

Ao comentar sobre o cenário econômico nos EUA, Powell disse que foi um trimestre de “boa inflação” e desaceleração no mercado de trabalho. Ponderou, contudo, que é um equilíbrio difícil entre cortar muito cedo ou demorar demais para baixar as taxas.

Para Powell, a chance de um pouso forçado na economia é baixa. “A economia tem crescido em ritmo sólido. O desemprego está baixo. A economia não está superaquecida, nem muito fraca, é o que queremos ver”, destacou o presidente do Fed.

O banqueiro central também afirmou que não há novidades em relação a eventual emissão de uma moeda digital do Fed (CBDC, na sigla em inglês). “A decisão não é nossa”, disse, lembrando que o BC dos EUA apenas avalia o tema, sem planos ou decisão de lançamento no curto prazo.