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Lula diz que sua obrigação é fazer o plano de IA acontecer no Brasil

As declarações do presidente da República ocorreram durante a apresentação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial

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30 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Lula diz que sua obrigação é fazer o plano de IA acontecer no Brasil
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da conferência, Sérgio Rezende, durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter “obrigação” de colocar em prática um plano de ações voltadas para a inteligência artificial no Brasil e defendeu a criação de uma estrutura de compilação e de disponibilização de dados à população.

As declarações ocorreram durante a apresentação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, na Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília, na terça-feira, 30.

“Eu tenho mais dois anos e pouco de mandato e posso dizer para vocês uma coisa: eu serei incansável para que a gente consiga executar as coisas que a gente está fazendo”, afirmou.

Lula continuou: “O governo possivelmente tenha o mais importante banco de dados que esse País já teve, nós temos. Agora, o banco de dados no governo é pessoal, nós temos o banco de dados do SUS, do CadÚnico, da Previdência, do Ministério do Trabalho, da Receita. Peraí. E o banco de dados do Brasil? A gente não vai ter?”, perguntou.

Na sequência, o presidente indicou que as ações de inteligência artificial devem ter início da união de dados das instituições do governo. “A nossa inteligência artificial começa por aí: a gente criar uma estrutura para que todos os dados deste País estejam compilados e à disposição da sociedade brasileira. Não tem que ter segredo”, afirmou.

Lula também disse aos cientistas que pode ser cobrado pelas promessas relacionadas ao tema. “Se preparem para me cobrar, porque estou preparado para cobrar vocês”, disse o presidente. “Minha obrigação é fazer isso acontecer no Brasil.”

A proposta de plano, de autoria do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e intitulada “IA para o Bem de Todos”, prevê R$ 23,03 bilhões de investimentos nos anos de vigência, entre 2024 e 2028. Maior parte desses recursos, R$ 12,72 bilhões, é oriunda de créditos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FDNCT) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Outros R$ 5,57 bilhões correspondem ao recurso não-reembolsável do FNDCT; R$ 2,90 bilhões, à Lei Orçamentária Anual (LOA), sem FNDCT não-reembolsável; R$ 1,06 bilhão, ao setor privado, com investimentos e contrapartidas; R$ 430 milhões, a empresas estatais; e R$ 360 milhões de demais fontes.
Os valores projetados são totais e ainda dependeriam de confirmação na programação orçamentária e financeira de cada ano. A maioria das verbas seria destinada para ações de Inovação Empresarial. O projeto ainda está sob a análise do Ministério da Casa Civil.

Lula defendeu “procurar dinheiro” e “escarafunchar o Orçamento” para cumprir ações essenciais relacionadas à inteligência artificial no Brasil, após detectar que não há recursos suficientes do governo.
Ele afirmou que, entre 2007 e 2010, o governo executou R$ 41 bilhões, com a ajuda de cientistas do Conselho, por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia. À atual ministra da pasta, Luciana Santos, Lula disse querer que sejam seguidos os passos de Sérgio Rezende, titular da instituição na época e, segundo o presidente, “o melhor ministro de Ciência e Tecnologia que este País teve”.

“Os cientistas ajudaram a gente a gerenciar e a utilizar esse dinheiro. Assim tem que ser feito, assim precisa ser feito, porque, na hora que a gente detecta que não tem recurso, nós temos que ir atrás do recurso”, afirmou.

Lula continuou: “Eu não posso falar: não tem dinheiro, e aí fico quieto. Ora, se não tem dinheiro, cabe a mim tentar procurar dinheiro, tentar encontrar dinheiro, tentar escarafunchar o Orçamento, para que a gente possa colocar dinheiro para fazer as coisas que são consideradas essenciais”.

Lula também disse querer da inteligência artificial “uma fonte que gere emprego no Brasil” e pregou “ousadia” nas ações do governo. “O Brasil precisa ter ousadia para fazer as coisas acontecerem”, afirmou.