Mundo
Aliança

Hamas e Fatah concordam em formar governo de unidade em reunião

O amplo acordo é o movimento mais recente para reavivar os esforços, há muito tempo paralisados, entre os grupos rivais

Compartilhe:
24 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Hamas e Fatah concordam em formar governo de unidade em reunião
Representantes do Hamas e do Fatah se reuniram na China

O grupo terrorista Hamas e o Fatah, o principal partido da Autoridade Palestina apoiado pelos Estados Unidos, concordaram em formar um governo de unidade durante negociações realizadas na China nesta segunda-feira, 22. O amplo acordo é o movimento mais recente para reavivar os esforços, há muito tempo paralisados, entre os grupos rivais para formar um governo para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

Com Israel prometendo destruir Hamas na guerra em Gaza, os palestinos poderiam tentar apresentar um governo de unidade como uma alternativa ao comando do Hamas sobre o território. Mas uma declaração conjunta emitida após a conversa em Pequim não deu detalhes sobre como ou quando o governo seria formado, dizendo apenas que isso seria feito “por acordo entre as facções”.

Desde que Hamas e Fatah prometeram pela primeira vez acabar com sua rivalidade em 2011, várias tentativas de governos de unidade fracassaram. O Hamas tomou o poder em Gaza em 2007, forçando a saída da Autoridade Palestina, dominada pelo Fatah, que administra bolsões dispersos da Cisjordânia ocupada por Israel.

Israel recusou qualquer cenário em que o Hamas participasse do governo da Cisjordânia ou de Gaza e rejeitou os pedidos dos Estados Unidos para que a Autoridade Palestina governasse Gaza após o fim da guerra.

A falta de uma visão pós-guerra para administrar Gaza complicou as negociações sobre um cessar-fogo no conflito de quase 10 meses em Gaza. A declaração conjunta de Pequim foi assinada por 14 facções palestinas, incluindo a Jihad Islâmica, que luta ao lado do Hamas em Gaza, e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, de esquerda.

De acordo com o Times of Israel, a declaração do acordo diz que as facções “se comprometem com o estabelecimento de um estado palestino independente com Jerusalém como sua capital” e com “garantir o retorno dos refugiados palestinos de acordo com a Resolução 194”, uma decisão da ONU de 1948.

Bombardeio

Pelo menos 70 pessoas morreram devido a bombardeios israelenses nesta segunda-feira, 22, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde, governado pelo Hamas. Segundo o grupo terrorista palestino, os ataques ocorreram enquanto centenas de pessoas estavam deixando a região após uma nova ordem do Exército israelense.

O Exército israelense não confirmou o número de mortes divulgado pelo Hamas, mas em um comunicado afirmou que seus soldados e seus tanques “atingiram e eliminaram terroristas na área”. As forças israelenses alcançaram mais de “30 infraestruturas terroristas” em Khan Younis, detalharam os militares.
Os aviões israelenses atingiram também um depósito de armas, postos de observação, túneis e estruturas utilizadas por combatentes do Hamas, acrescentaram.

“Vamos viver na rua. Não aguentamos mais esses deslocamentos”, lamentou Yusef Abu Taimah, moradora do leste de Khan Younis, que deixou a cidade juntamente com a família, em seu quarto deslocamento por conta da guerra.

No front diplomático, o premiê Binyamin Netanyahu chegou nesta segunda aos Estados Unidos, onde fará um discurso no Congresso americano na quarta-feira, 24, após mais de nove meses de guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

O líder israelense considerou, ao partir de Israel, que se trata de uma “viagem muito importante”, em um momento de “grande incerteza política” devido à decisão do presidente democrata Joe Biden de não se candidatar à reeleição nas eleições de novembro. Netanyahu se encontrará com Biden nesta terça-feira, 25, informou seu gabinete.

Reféns mortos

Em paralelo aos bombardeios, o exército israelense anunciou nesta segunda-feira a morte de dois reféns mantidos em Gaza. Os militares disseram que confirmaram as mortes de Yagev Buchshtab, 35, e Alex Dancyg, 76, que foram sequestrados de suas casas no sul de Israel em 7 de outubro, com base em informações de inteligência. Não foi informado quando eles morreram.

Os familiares dos reféns pressionam Netanyahu há meses para fechar um acordo que permita o retorno deles para casa. Estados Unidos, Catar e Egito tentam impulsionar negociações por um cessar-fogo que também garanta a libertação de reféns.

Uma delegação israelense viajará na quinta-feira, 26 a Doha para dar continuidade a essas negociações indiretas, informou uma fonte ligada às discussões.