Economia
Mercados

Ibovespa inicia semana em leve alta de 0,19%, aos 127,8 mil pontos

Nesta segunda, 22, o índice da B3 oscilou dos 127.455,86, na mínima do dia, até os 128.150,97 pontos, na máxima

Compartilhe:
23 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Ibovespa inicia semana em leve alta de 0,19%, aos 127,8 mil pontos
Entre as blue chips da B3, o encerramento foi negativo para Petrobras (ON -1,53%, PN -1,99%) e Vale (ON -0,11%) e misto para os grandes bancos

O Ibovespa iniciou a semana em leve alta, vindo de perdas nas duas sessões anteriores que o tinham retirado de 129 mil para 127 mil pontos. Nesta segunda, 22, o índice da B3 oscilou dos 127.455,86, na mínima do dia, até os 128.150,97 pontos, na máxima, e encerrou em alta de 0,19%, aos 127.859,63 pontos, com giro a R$ 17,1 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 3,19%, ainda com perda a 4,71% no ano.

Mesmo com as grandes ações de commodities na defensiva – com o dólar em baixa no exterior, assim como o minério e o petróleo -, outros segmentos da B3, como o financeiro, o de consumo e o de utilities, garantiram o sinal positivo do Ibovespa nesta segunda-feira. Nesta segunda-feira, o dólar à vista cedeu 0,60%, a R$ 5,5701, e a curva de juros doméstica também se retraiu, apesar do avanço dos rendimentos dos Treasuries. O dia também foi de progressão para os índices de ações em Nova York, com destaque, no fechamento, para o Nasdaq (+1,58%).

Entre as blue chips da B3, o encerramento foi negativo para Petrobras (ON -1,53%, PN -1,99%) e Vale (ON -0,11%) e misto para os grandes bancos, com Santander (Unit -0,28%) e Itaú (PN – 0,06%) em leve baixa no fechamento – destaque pata alta de 1,12% em Bradesco PN e de 0,70%, na ON. Na ponta ganhadora do Ibovespa, Carrefour (+4,39%), Lwsa (também +4,39%) e Multiplan (+3,98%). No lado oposto, Embraer (-7,03%), Pão de Açúcar (-3,44%) e Magazine Luiza(-1,91%), além de Petrobras PN.

Dólar

O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 22, em baixa no mercado doméstico, na casa de R$ 5,57, em uma devolução modesta dos ganhos de mais de 3% vistos na semana passada, quando superou o nível de R$ 5,60. Operadores relataram entrada de fluxo comercial e de recursos provenientes da oferta secundária de ações da privatização da Sabesp, com liquidação nesta segunda-feira.

Evento mais esperado do dia, a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre não provocou grandes solavancos na taxa de câmbio. O documento trouxe a confirmação de contenção de gastos em R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano, antecipada na semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Detalhes do congelamento serão divulgados no próximo dia 30.

As divisas latino-americanas, que haviam apanhado na sexta-feira em meio à busca por posições defensivas na véspera do fim de semana, em razão do apagão cibernético e das incertezas relacionadas às eleições americanas, nesta segunda-feira se recuperaram. A saída do presidente Joe Biden na corrida pela Casa Branca, com a provável entrada da vice-presidente Kamala Harris na disputa como candidata democrata, diminuiu em tese o favoritismo de Donald Trump, que tem retórica mais agressiva contra a China e tende a ser mais protecionista.

O real ocupou terceira posição entre as moedas emergentes mais relevantes com ganhos em relação ao dólar, atrás do peso mexicano e do colombiano. Os cortes de juros na China, embora considerados insuficientes, contribuíram de certa maneira para a retomada de fôlego das divisas latino-americanas, apesar da nova rodada de queda de commodities como minério de ferro e cobre.

Afora uma alta pontual na abertura, quanto registrou máxima a R$ 5,6100, o dólar à vista operou em baixa ao longo do dia. As mínimas vieram no início da tarde, quando a divisa desceu até R$ 5,5361, com o mercado digerindo declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a agências de notícias internacionais, de que fará bloqueios no Orçamento sempre que for necessário.

Antes mesmo da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, o dólar já havia reduzido o ritmo de baixa, em sintonia com o exterior, e trabalhava na casa de R$ 5,56. No fim do dia, a moeda era negociada a R$ 5,5701, em queda de 0,60%. No mês, a divisa acumula leve desvalorização, de 0,33%. No ano, a moeda acumula alta de 14,77%.

Juros

Os juros futuros fecharam a segunda-feira em queda, refletindo maior confiança do investidor no cenário fiscal doméstico e também aumento do apetite ao risco por ativos de economias emergentes. Declarações do presidente Lula indicando que não hesitará ante a necessidade de se fazer novos bloqueios no Orçamento reforçaram à tarde o movimento de queda já estabelecido pela desistência de Joe Biden de concorrer à reeleição nos EUA e pelo corte surpresa de juros na China.

Ainda, o comportamento das medianas de IPCA no Boletim Focus também foi apontado como fator de alívio.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,655%, de 10,681% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2026 caía de 11,44% para 11,40%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,64% (de 11,69%) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,93%, de 12,01%.

Profissionais deram um pouco mais de peso ao cenário internacional para explicar o comportamento das taxas, ainda que à tarde fatores domésticos tenha se destacado e ajudado a blindar o mercado local do contágio do avanço dos Treasuries. “Na ordem de grandeza dos fatores, o externo ficou em primeiro plano”, disse a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.

A saída de Biden da disputa pela Casa Branca favoreceu ativos emergentes como um todo, dada a leitura de que um outro nome será mais competitivo, sobretudo se confirmada a projeção de que a vice-presidente Kamala Harris assumirá a candidatura democrata Na leitura do mercado, o ex-presidente Donald Trump agora ficou um pouco menos favorito do que era com Biden candidato. O viés protecionista da eventual administração de Trump traz preocupações para o cenário inflacionário e, consequentemente, sobre o ciclo de corte de juros nos EUA. “A desistência de Biden dá alguma oxigenação para a candidatura democrata e esse acirramento da disputa é visto com bons olhos do ponto de vista dos gastos públicos”, explica a economista.

As moedas emergentes tiveram ganhos firmes ante o dólar, o que reverberou sobre as curvas de juros. Aqui, o dólar chegou a rodar nos R$ 5,53 nas mínimas do dia, voltando para R$ 5,5701 no fechamento. Esse movimento teve apoio do inesperado anúncio de corte de juros na China, ainda que a magnitude de 0,10 ponto porcentual tenha decepcionado.

À tarde, os juros dos Treasuries passaram a subir com o risco eleitoral no radar, mas o mercado doméstico acabou sendo protegido pela fala de Lula. Em entrevista a agências internacionais de notícias, ele disse que fará bloqueios no Orçamento sempre que precisar. Afirmou que a contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 não foi a primeira a ser feita pelo governo e frisou que, se gastar mais do que arrecada, o País “vai quebrar”. Ao mesmo tempo, ponderou que a gestão orçamentária à frente vai depender do comportamento das receitas.

Em entrevista sobre o relatório, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, reiterou o compromisso com o cumprimento das metas fiscais – “não está em risco e não mudará” – e garantiu que o cenário fiscal é compatível. O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, avaliou que, embora a arrecadação apresente boa performance, o resultado ainda está “um pouco inferior” ao necessário para cobrir as despesas por causa de frustrações, em especial de desonerações.

Além do relatório, a agenda da segunda-feira trouxe ainda o Boletim Focus, que mostrou mudança marginal nas expectativas de IPCA de curto prazo. A projeção para 2024 teve alteração de 4,00% para 4,05%, mas nos horizontes importantes para a política monetária, 2025 e 2026, as expectativas foram mantidas em 3,90% e 3,60%.