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Dólar fecha no maior nível em duas semanas. Ibovespa sobe 0,26%

O dólar à vista subiu com força nesta quarta-feira, 17, e voltou a superar o nível de R$ 5,48 no fechamento

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18 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Dólar fecha no maior nível em duas semanas. Ibovespa sobe 0,26%
Nesta quarta-feira, o Ibovespa oscilou de 128.741,45 a 129.657,77 pontos, saindo de abertura aos 129.111,70. Ao fim, mostrava alta de 0,26%, aos 129.450,32 pontos

O dólar à vista subiu com força nesta quarta-feira, 17, e voltou a superar o nível de R$ 5,48 no fechamento pela primeira vez em duas semanas. Apesar da cautela fiscal doméstica ainda pautar os negócios e induzir à manutenção de prêmios de risco na taxa de câmbio, o tropeço do real hoje se deu, sobretudo, pelo ambiente externo adverso.

Analistas afirmam que arrancada do iene em relação à moeda americana, em meio a sinais de nova intervenção do Banco do Japão (BoJ) no mercado de câmbio, levou a uma liquidação de posições em divisas emergentes de países de juros altos, em especial as latino-americanas.

Já em alta pela manhã, o dólar acelerou os ganhos ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, e chegou a se aproximar de R$ 5,49, com máxima a R$ 5,4880. No fim do dia, era negociado a R$ 5,4838, em alta de 1,00%. Com isso, a moeda passa a acumular valorização de 0,97% na semana. No mês, ainda apresenta perdas (1,87%).

O real amargou o segundo pior desempenho entre as principais divisas emergentes e de países exportadores, atrás apenas do peso colombiano. Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY recuava 0,50% no fim da tarde, na casa dos 103,700 pontos, em razão, sobretudo, do tombo de mais de 1,30% da moeda americana em relação ao iene.

Ibovespa

Mesmo na contracorrente do câmbio e da correção no S&P 500 (-1,39%) e do Nasdaq (-2,77%) em Nova York, o Ibovespa retomou a trajetória positiva nesta quarta-feira após leve realização de lucros no dia anterior, quando interrompeu sequência de 11 ganhos. Nesta quarta-feira, oscilou de 128.741,45 a 129.657,77 pontos, saindo de abertura aos 129.111,70. Ao fim, mostrava alta de 0,26%, aos 129.450,32 pontos, com giro a R$ 35,4 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, o Ibovespa sobe 0,43% e, no mês, ganha 4,47%, limitando a perda do ano a 3,53%.

No exterior, desde cedo, a quarta-feira foi pautada pela provável intervenção do BC japonês sobre o mercado de câmbio, para defender o iene. A turbulência afetou em especial o desempenho de commodities metálicas, como o minério de ferro e o cobre, e de moedas de emergentes. Em Dalian (China), o minério encerrou em baixa de 2,66%, mas o petróleo subiu 1,61% (Brent), em Londres, em sessão de baixa do dólar frente à cesta de moedas do índice DXY, que reúne referências como euro, iene e libra.

Na B3, apesar da pressão no câmbio, o dia foi de ganhos bem distribuídos pelas ações de maior peso e liquidez, à exceção de Vale (ON -0,93%), que sentiu o ajuste dos preços do minério na sessão. Em nota, a Guide Investimentos aponta, como fundamento para a variação nos preços do metal, “o aumento da oferta da commodity pelas maiores mineradoras do mundo, mesmo com a China, principal consumidora do insumo, enfrentando uma crise imobiliária que afeta a demanda”.

No relatório trimestral de produção e vendas, divulgado na noite de ontem, a Vale mostrou forte patamar de produção (80,6 milhões de toneladas) e de vendas (79,8 Mt). Mas, com embarques de produtos de menor qualidade e a pressão dos preços do minério, os preços realizados de finos e os prêmios all-in recuaram entre abril e junho, reportam os jornalistas Juliana Garçon e Jorge Barbosa, do Broadcast.

Em Nova York, o barril da referência americana, o WTI, andou ainda mais do que o global Brent na sessão, em alta de 2,17% no fechamento desta quarta-feira na Nymex. Os estoques de petróleo nos Estados Unidos tiveram queda de 4,87 milhões de barris, a 440,226 milhões, na semana passada, de acordo com dados divulgados hoje pelo Departamento de Energia. O resultado surpreendeu analistas consultados por The Wall Street Journal, que previam estabilidade na semana.

Dessa forma, com apoio dos preços da commodity, Petrobras ON e PN fecharam, respectivamente, em alta de 0,73% e 0,52%. Apesar do ajuste em Vale, a sessão foi em geral positiva para o setor metálico, com destaque para Usiminas (PNA +5,04%, na máxima do dia no fechamento) e CSN (ON +0,61%). As ações de grandes bancos também foram bem nesta quarta-feira, com Itaú (PN +1,09%), Santander (Unit +1,01%) e Banco do Brasil (ON +1,00%) pouco atrás de Bradesco (ON +1,21%, PN +1,19%, ambas na máxima do dia no encerramento).

Na ponta ganhadora do Ibovespa, além de Usiminas, destaque para Ultrapar (+2,97%), Cemig (+2,85%) e Raízen (+2,58%). No lado oposto, CVC (-5,77%), Assai (-3,24%) e Hapvida (-2,40%).

Apesar dos desafios que ainda pendem sobre o cenário doméstico, a perspectiva externa, fortalecida pela expectativa para o início do corte de juros nos Estados Unidos em setembro, tem contribuído para a recuperação do Ibovespa nos últimos 30 dias, observa Charo Alves, especialista da Valor Investimentos. Nesse intervalo, correspondente a um mês, o Ibovespa acumula ganho de 8,66% – e, em 12 meses ou um ano, a alta chega a 9,50%.

Juros

Mesmo com um maior alívio na curva dos Treasuries à tarde, os juros futuros no Brasil seguiram em alta até o fim da sessão, com o mercado ainda repercutindo negativamente a entrevista do presidente Lula à TV Record, na qual disse que precisaria ser convencido sobre a necessidade de corte de gastos. O dólar em alta, e voltando a mirar com os R$ 5,50 nas máximas do dia, também pesou sobre a curva.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,620%, de 10,573% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2026 subia de 11,09% para 11,20% (máxima). A do DI para janeiro de 2027 avançava de 11,36% para 11,44% e a do DI para janeiro de 2029, de 11,72% para 11,77%.

A entrevista de Lula, que ontem já limitava o recuo das taxas, continuou exercendo pressão, desta vez com o ambiente externo em segundo plano. Os rendimentos dos Treasuries operavam sem direção única pela manhã, mas na segunda etapa a ponta longa virou para baixo após um leilão de T-bonds de 20 anos, com demanda acima da média. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos operava em 4,15%.