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China rebate críticas e defende que aliança não crie ‘caos’ na Ásia

Em coletiva de imprensa, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês também recusou o títulos dado pela Otan para a China

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11 de julho de 2024
Vinicius Palermo
China rebate críticas e defende que aliança não crie ‘caos’ na Ásia
O encontro da Otan ocorre em um contexto no qual a organização concordou em lançar um novo programa para prover ajuda militar e treinamento à Ucrânia e colaborar para que o país possa participar da aliança.

A China acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de buscar segurança às custas dos outros e defendeu que a aliança não deve levar o mesmo “caos” para a Ásia. Em coletiva de imprensa, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês também recusou o títulos dado pela Otan para a China, de “facilitadora decisiva” da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

“A Otan está aumentando a responsabilidade da China na questão da Ucrânia, uma ação irrazoável e que tem motivos sinistros”, disse o porta-voz do ministério Lin Jian. Ele afirmou que a China tem uma posição justa e objetiva sobre a questão da Ucrânia.

A China rompeu com os Estados Unidos e seus aliados europeus em relação à guerra na Ucrânia, recusando-se a condenar a invasão da Rússia. Seu comércio com a Rússia cresceu desde a invasão, compensando, pelo menos parcialmente, o impacto das sanções ocidentais.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, 10, a Otan afirmou que essa “parceria sem limites” e apoio em larga escala à indústria de defesa da Rússia tornaram a China uma facilitadora da guerra. Rebatendo a crítica, Lin disse que o comércio da China com a Rússia é legítimo e razoável e se baseia nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores também pediu que a Otan pare de interferir em políticas internas da China e de prejudicar sua imagem, para evitar caos nas relações da Ásia-Pacífico “depois de criar a turbulência na Europa”. Lin reforçou o comentário de que a “segurança” da aliança ocorre às custas de outros países, reiterando preocupações com a expansão do grupo.

Nessa semana, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul enviaram líderes para participar da cúpula da Otan. Paralelamente, tropas da China foram enviadas para Belarus, com o objetivo de realizar exercícios conjuntos na fronteira com a Polônia, país-membro da Otan. Lin descreveu o treinamento conjunto como um intercâmbio e cooperação militar normal que não é direcionado a nenhum país em particular.

Ucrânia

Em comunicado, a Otan apontou que a China é um “facilitador decisivo” da Rússia na invasão à Ucrânia. O encerramento da reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte que ocorre nesta quinta-feira, 11, em Washington terá como principais pontos da agenda a reunião dos chefes de Estado dos países membros, com a participação do presidente dos EUA, Joe Biden, e a entrevista coletiva do secretário-geral, Jens Stoltenberg.

O encontro da Otan ocorre em um contexto no qual a organização concordou em lançar um novo programa para prover ajuda militar e treinamento à Ucrânia e colaborar para que o país possa participar da aliança. O plano vai suplementar a colaboração de 50 países à Ucrânia para ter acesso a armamentos e treinar oficiais para enfrentar a invasão das tropas russas, iniciada em 22 de fevereiro de 2022. O atraso do Congresso dos EUA para financiar o fornecimento de equipamentos militares ao país presidido por Volodymyr Zelenskyy permitiu o avanço das tropas de Moscou no território ucraniano.

Nos últimos dois anos, o conjunto de países criado pelos EUA para apoiar a defesa da Ucrânia contra a invasão da Rússia dedicou US$ 100 bilhões em equipamentos, armamentos e treinamento, sendo que somente o governo americano colaborou com US$ 53,6 bilhões. A Organização do Tratado do Atlântico Norte promete ajudar com mais US$ 43,3 bilhões o país europeu nos próximos 12 meses.

Os 32 países que formam a Otan apontaram que a Ucrânia está em um caminho “irreversível” para se tornar membro da organização, mas tal fato só deve ocorrer após o fim da guerra com o exército comandado pelo presidente russo, Vladimir Putin.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, tornou-se um dos temas das conversas nos bastidores do encontro em Washington, especialmente para líderes de países do leste europeu, pois acreditam que suas nações poderão ser alvos de futuras agressões militares da Rússia se o republicano for eleito em novembro na corrida à Casa Branca.