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Mais da metade das cidades está em áreas de Mata Atlântica

No total, 3.082 municípios do Brasil estão em áreas de Mata Atlântica, sendo que em 2.741 este bioma é predominante.

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29 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Mais da metade das cidades está em áreas de Mata Atlântica
A fauna da Mata Atlântica é riquíssima.

Quase metade do território brasileiro é composto pelo bioma Amazônia, mas a Mata Atlântica é o mais recorrente entre todos os municípios do País. É o que mostra um levantamento divulgado na sexta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que pela primeira vez mapeou o tipo de bioma em que se encontram todos os 5.570 municípios brasileiros.

Mais da metade das cidades está em áreas de Mata Atlântica, ainda que esse bioma represente apenas 13% do território nacional – em extensão, fica atrás da Amazônia (49,5%) e Cerrado (23,3%).

No total, 3.082 municípios estão em áreas de Mata Atlântica, sendo que em 2.741 ele é predominante. Esse tipo de vegetação é o único encontrado nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina.

Os dados do IBGE mostram que 83% dos municípios estão localizados em um único bioma, enquanto que os demais ficam em regiões com dois ou mais – os chamados interbiomas. Ao todo, 963 municípios apresentam essa variação.

Quatro cidades do País registram a presença de três tipos de vegetação: Piripá e Tremedal, na Bahia; São João do Paraíso, em Minas Gerais; e Cáceres, no Mato Grosso.

Com vegetação de Mata Atlântica e de Cerrado, o Estado de São Paulo tem o maior número de cidades com mais de um bioma. Ao todo, 220 municípios paulistas estão em áreas interbiomas. Em termos proporcionais, São Paulo é o terceiro do País, com 34% de seus municípios nessa condição. Mato Grosso (45%) e Mato Grosso do Sul (41%) lideram.

Dos seis biomas que compõem o território brasileiro, o Pantanal é o menor deles e ocupa uma área equivalente a 1,8% do País. O bioma, que vem sofrendo com as queimadas, está presente em 22 municípios, mas é predominante em apenas nove deles.

A Caatinga, com uma área equivalente a 10,1% do território, é o quarto maior bioma brasileiro, e o Pampa vem em seguida, com 2,3% do espaço.

O Pantanal registrou recorde de incêndios em junho após novas falhas de prevenção de queimadas pela gestão Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia sido alvo de críticas em 2023 por causa do avanço de queimadas nesse bioma e na Amazônia.

O número de focos de fogo chegou a 2.363 até 24 de junho. O total é quase seis vezes maior do que os 406 focos registrados em todo o mês de junho de 2020, pior ano em incêndios para a região, que ficou devastada.

Um levantamento do MapBiomas mostrou que uma área equivalente a 23% do território nacional queimou pelo menos uma vez nos últimos 39 anos. Os incêndios atingiram 199 milhões de hectares entre 1985 e 2023, e dois terços da área afetada foi de vegetação nativa.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o “Orçamento não vai faltar” no combate aos incêndios no Pantanal. Tebet foi ao Mato Grosso do Sul (seu Estado natal) junto da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Segundo a ministra do Planejamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que “não faltarão recursos ou orçamento, ainda que com crédito extraordinário”. Tebet disse que ela e Marina têm “carta branca” do petista para liderarem os esforços no combate aos incêndios.

“Ele Lula deixou o seguinte recado. Diga ao povo do MS que todos os ministérios necessários estão envolvidos (e são 8 até agora) e que não faltará recursos ou orçamento, ainda que com crédito extraordinário, para que possamos ter mais efetivos, brigadistas, aeronaves, veículos e mais recursos para que possamos combater o incêndio. Lula nos deu carta branca, especialmente à Marina, para que possamos não medir esforços”, declarou Tebet.

Apesar da disponibilização de recursos para combater os incêndios, a ministra do Planejamento defendeu que haja uma campanha de conscientização e de punição às pessoas que promovem queimadas criminosas.

“Orçamento não vai faltar, mas nenhum dinheiro do Brasil ou de organismos internacionais será suficiente se não tivermos uma campanha de conscientização e responsabilização contra os incêndios criminosos”, declarou.

Marina enumerou os motivos que levaram aos incêndios no Pantanal nas últimas semanas. Segundo a ministra, uma junção “perversa” das mudanças climáticas, escassez hídrica severa e desmatamento “está deixando o Pantanal em chamas”.

Tebet disse que os incêndios registrados no Pantanal têm “a mão do homem criminoso”. “Além dos efeitos climáticos, tem aqui a mão do homem criminoso. Sabemos que muitos casos são acidentais, alguém que está manejando e deixa o fogo se alastrar. Mas tem muito da mão do homem criminoso. Conheço do assunto, sou do agronegócio e sou desta terra”, afirmou

A ministra do Meio Ambiente disse, ainda, que o governo federal vem fazendo um trabalho “previdente” em relação às queimadas em todo o País e elogiou a atuação conjunta com o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB).