As bolsas da Europa tiveram na quarta-feira, 19, resultados distintos dos dois lados do Canal da Mancha, com leve avanço em Londres, observando dados de inflação do Reino Unido e a política monetária local, e recuo na zona do euro, em um quadro desafiante de tentativa de consolidação fiscal na região. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,18%, a 514,06 pontos.
A taxa anual da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unido desacelerou para 2% em maio, como era previsto, voltando à meta oficial do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) pela primeira vez desde 2021.
Por outro lado, a inflação de serviços, que é a que realmente importa para o BC inglês, superou as expectativas pelo segundo mês consecutivo, segundo o ING.
Além disso, o núcleo da inflação britânica segue elevado. Em meio a sinais de inflação persistente, analistas preveem que o BoE manterá seu juro na decisão de política monetária desta quinta-feira, 20, adiando uma redução inicial da taxa para agosto. Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,17%, a 8.205,11 pontos.
Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) pode flexibilizar ainda mais a política monetária, desde que a inflação continue a se moderar, de acordo com dirigente do BCE, Mario Centeno. “O ciclo das taxas de juros continuará a evoluir”, disse o funcionário português a legisladores na quarta-feira, em Lisboa. “As taxas cairão se a inflação nos ajudar, o que está acontecendo.”
A Comissão Europeia recomendou a sete países da zona do euro que comecem o “procedimento de déficit excessivo”, após criticar o acúmulo de dívidas públicas.
As críticas atingem particularmente a França, cujo déficit anual ficou em 5,5% no ano passado. A repreensão contundente ocorre no auge de uma campanha eleitoral em que o presidente Emmanuel Macron está enfrentando um forte desafio da extrema direita e da esquerda.
Segundo a Eurasia, o cenário mais provável é de um parlamento misto, sem uma força majoritária, ou então um parlamento composto por maioria de extrema-direita. Em ambos os casos, não haverá unidade – ou interesse – para aprovar um novo orçamento, este mais contido, e que limita os gastos públicos. “Nenhum resultado permite uma consolidação orçamental, mesmo com planos mais moderados”, pontua.
Em Paris, o CAC 40 sofreu a principal queda, caindo 0,77%, a 7 570,20 pontos. Em Milão, o FTSE MIB recuou 0,29%, a 33.220,31 pontos. Em Frankfurt, o DAX teve baixa de 0,36%, a 18.067,56 pontos. Em Madri, o Ibex35 baixou 0,21%, a 11.044,90 pontos. Em Lisboa, o PSI20 caiu 0,44%, a 6.541,80 pontos.
As bolsas asiáticas encerraram os negócios de quarta-feira, 19, majoritariamente em alta, após mais um dia de máximas históricas em Wall Street e de a estrela da inteligência artificial (IA) Nvidia assumir o posto de empresa mais valiosa do mundo.
Liderando os ganhos na região, o índice Hang Seng saltou 2,87% em Hong Hong, a 18.430,39 pontos, enquanto o Taiex subiu 1,99% em Taiwan, ao nível recorde de 23.209,54 pontos, ambos impulsionados por ações de tecnologia, enquanto o japonês Nikkei apresentou modesto ganho de 0,23% em Tóquio, a 38.570,76 pontos, e o sul-coreano Kospi avançou 1,21% em Seul, a 2.797,33 pontos.
As bolsas de Nova York subiram apenas levemente, mas tanto o índice S&P 500 quanto o Nasdaq atingiram novos patamares inéditos, em um dia em que a fabricante de chips Nvidia ultrapassou a Microsoft e tornou-se a empresa com maior valor de mercado do mundo, em meio ao entusiasmo com a tecnologia de IA. Na quarta-feira, um feriado nos EUA mantém os mercados americanos fechados.
Na China, por outro lado, as bolsas ficaram no vermelho na quarta, após o órgão regulatório chinês de valores mobiliários afirmar que irá fortalecer a supervisão de todas as atividades financeiras para prevenir possíveis riscos. O Xangai Composto, principal índice acionário do país, caiu 0,40%, a 3.018,05 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,87%, a 1.687,64 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana também mostrou desempenho negativo. O S&P/ASX 200 cedeu 0,11% em Sydney, a 7.769,70 pontos, pressionado por ações de bancos e devolvendo parte dos ganhos do pregão anterior.