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Cúpula do G7

Lula defende governança internacional e intergovernamental da IA

O presidente Lula mencionou a inteligência artificial como algo que “acentua esse cenário de oportunidades, riscos e assimetrias”.

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15 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Lula defende governança internacional e intergovernamental da IA
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Sessão de trabalho do G7 + países convidados e organizações internacionais sobre Inteligência Artificial, Energia, África e Mediterrâneo, no Hotel Borgo Egnazia. Na foto, Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimenta do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Borgo Egnazia - Itália.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu, em discurso à Cúpula do G7, na Itália, a criação de uma “governança internacional e intergovernamental” para tratar da inteligência artificial. As declarações do presidente brasileiro ocorreram na sexta-feira, 14.

Segundo texto divulgado pelo Palácio do Planalto, Lula afirmou que, na área digital, “vivenciamos concentração sem precedentes nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países”.

Em seguida, Lula mencionou a inteligência artificial como algo que “acentua esse cenário de oportunidades, riscos e assimetrias”. Lula pregou que a inteligência artificial tenha “benefícios compartilhados por todos” e que seja “segura, transparente e emancipadora”.

Também defendeu uma tecnologia “que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação” e “que potencialize as capacidades dos Estados de adotarem políticas públicas para o meio ambiente e que contribua para a transição energética”.

Lula defendeu ainda que quer “uma IA que tenha a cara do Sul Global, que fortaleça a diversidade cultural e linguística e que desenvolva a economia digital de nossos países”. “E, sobretudo”, acrescentou Lula, “uma IA como ferramenta para a paz, não para a guerra”.

Na sequência, Lula disse: “Necessitamos de uma governança internacional e intergovernamental da inteligência artificial, em que todos os Estados tenham assento.”

A reunião teve início na manhã de sexta com a presença do Papa Francisco e representantes de algumas das maiores economias do mundo: Alemanha, Canadá, Estado Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

O presidente mencionou o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza e criticou o que chamou de “violação cotidiana do direito humanitário”.

“Em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança. Estamos diante da violação cotidiana do direito humanitário, que tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças”, afirmou o presidente do Brasil.

Lula acrescentou: “Isso nos levou a endossar a decisão da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça.”

Na ocasião, o presidente brasileiro também propôs uma conferência internacional para tratar da questão ucraniana e disse que o Brasil condenou a invasão russa “de maneira firme”.

Segundo texto divulgado pelo Palácio do Planalto, o presidente afirmou que “instituições de governança estão inoperantes diante da realidade geopolítica atual e perpetuam privilégios”.

Além disso, afirmou que “o ano de 2023 viu o gasto com armamentos subir em relação a 2022, chegando a 2,4 trilhões de dólares”.

O presidente voltou a defender a taxação de “super-ricos”. Segundo texto divulgado pelo Palácio do Planalto, Lula afirmou que “já passou da hora dos super-ricos pagarem sua justa contribuição em impostos”.

Na ocasião, o presidente brasileiro mencionou a proposta de “tributação internacional justa e progressiva” como uma bandeira do Brasil no G20, no contexto de “combate às desigualdades”.

“Essa concentração excessiva de poder e renda representa um risco à democracia”, disse Lula.
O presidente do Brasil acrescentou que muitos países em desenvolvimento já formularam políticas eficazes para erradicar a fome e a pobreza” e mencionou como objetivo do Brasil no G20 “mobilizar recursos para ampliá-las e adaptá-las a outras realidades”.

Lula também afirmou ser “fundamental” o apoio dos chefes de Estado à “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, que será lançada na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

Durante o discurso, Lula disse que “conduzir uma revolução digital inclusiva e enfrentar a mudança do clima são dilemas existenciais do nosso tempo”.

O presidente relembrou uma reunião da Cúpula de L’Áquila em 2009 e afirmou que, na ocasião, havia “uma crise financeira global que expôs os equívocos do neoliberalismo”. Atualmente, destacou ele, “o Brasil preside o G20 num contexto de múltiplos e novos desafios”.