Economia
Transição energética

Vale apresenta estratégia para apoiar a descarbonização

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, participou, com pares da indústria, de um painel sobre a geoeconomia da mineração e dos recursos críticos.

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14 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Vale apresenta estratégia para apoiar a descarbonização
O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo

A Vale participou na quarta-feira, no Rio de Janeiro, na primeira edição latino-americana do FII Priority Summit, evento realizado pelo FII Institute para discutir como o investimento em transição ecológica, tecnologia, inovação e inclusão social pode construir uma nova ordem global que priorize a dignidade para todos. A empresa apresentou sua estratégia para acelerar a transição energética e a descarbonização do planeta.

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, participou, com pares da indústria, de um painel sobre a geoeconomia da mineração e dos recursos críticos. Ele contou como o minério de ferro de alta qualidade produzido pela empresa pode apoiar a descarbonização do setor siderúrgico, responsável por cerca de 8% das emissões mundiais, e citou o exemplo dos Mega Hubs, complexos industriais desenvolvidos pela Vale com parceiros para a produção de metálicos de baixa emissão de carbono.

“Os Mega Hubs são uma solução para os siderurgistas descarbonizarem. A siderurgia é um setor de difícil abatimento, que precisa de produtos metálicos. Estamos indo atrás da energia competitiva no Oriente Médio, nos EUA e, é claro, no Brasil, onde temos minério de ferro e potencial para sermos ‘a Arábia Saudita do hidrogênio’”, afirmou Bartolomeo, que destacou o papel do Brasil no cenário mundial.

“O Brasil tem as mesmas possibilidades (de liderar a descarbonização) porque temos a melhor matriz elétrica do mundo e, quando tivermos hidrogênio a um preço competitivo, seremos uma superpotência”.

A Vale já anunciou três Mega Hubs no Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã) e assinou acordos para estudar o desenvolvimento do mesmo modelo no Brasil. Nos Mega Hubs, a empresa irá produzir briquetes, aglomerados de minério de ferro de baixa emissão de carbono, que serão usados como insumo para a produção de metálicos.

O tema de como as energias renováveis conduzirão a transição ecológica também foi destaque no evento. O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Gustavo Pimenta, participou de um debate sobre o assunto com atores do setor de energia.

“Nossa história é sobre como descarbonizar um dos setores mais difíceis. E nós abraçamos esse desafio”, afirmou Pimenta. “Estou otimista, acho que conseguiremos fazer a transição e encaminhar um dos assuntos mais relevantes da nossa geração. A questão é o ritmo dessa mudança, que vai depender da trajetória econômica das novas tecnologias.”

Pimenta também destacou as iniciativas da Vale para a descarbonização das operações e citou o exemplo da substituição do diesel nos caminhões e trens por alternativas mais sustentáveis, como os veículos movidos a etanol ou a eletricidade.

O FII Priority Summit teve a participação de mais de 150 painelistas em 44 sessões e incluiu vários membros da alta administração da Arábia Saudita, além de quatro ex-presidentes latino-americanos, líderes da indústria, especialistas em investimentos e autoridades governamentais. A Vale foi patrocinadora do evento.

Bartolomeo disse que as vendas para o Oriente Médio já somam 27 milhões de toneladas de minério e aglomerados e podem chegar a 67 milhões de toneladas, levando em conta o contexto da transição energética e os negócios da empresa com metais críticos.

“Na transição, quando se trata de energia, onde está a energia competitiva que vai substituir os combustíveis fósseis. O Brasil vai poder fazer essa transição e também o Oriente Médio”, disse o executivo.

Bartolomeo destacou que os Estados Unidos têm um gás natural competitivo na corrida pela descarbonização da economia, principalmente na produção de hidrogênio, mas que o Brasil também está bem colocado nessa disputa. “O Brasil também está nesta corrida porque tem a melhor matriz elétrica do mundo”, afirmou.

O CEO disse também que todas as manufaturas estão crescendo na China e assim o país manterá o platô de demanda por minério de ferro, lembrando que as siderúrgicas locais produziram um bilhão de toneladas. “Não vejo um superciclo menor”, comentou.

Bartolomeo disse que a Vale busca energia competitiva no Oriente Médio, Estados Unidos e Brasil para prover aos megahubs, que combinarão demanda e suprimento e funcionarão como solução para servir a siderúrgicas para que se descarbonizem.

O executivo comentou que a Vale tem “tecnologias inovadoras” e já recebeu concessão para operar nos Estados Unidos. Ele afirmou que o processo de descarbonização vai ser “assimétrico e assíncrono”. Em relação a minerais básicos, o executivo disse que a ideia é triplicar a produção de cobre. “Não precisamos de uma fusão para isso”, afirmou.