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Haddad acredita em crescimento médio anual de 3% durante mandato de Lula

Segundo o ministro da Fazenda, as chuvas no RS são “um golpe duro”, pois o Estado responde por 8% da riqueza nacional.

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30 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Haddad acredita em crescimento médio anual de 3% durante mandato de Lula
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ao Le Monde acreditar que o Brasil pode conseguir um crescimento anual médio de 3% durante o mandato do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que termina em 2027. Em entrevista ao jornal francês publicada na quarta-feira, 29, ele comenta que “nosso dinamismo é subestimado pela maioria dos analistas” e recorda previsões fracas sobre 2023 que não se concretizaram.

Haddad foi questionado sobre os efeitos das inundações no Rio Grande do Sul na economia brasileira. Segundo ele, trata-se de “um golpe duro”, pois o Estado responde por 8% da riqueza nacional e é um grande produtor agrícola e industrial.

Ele afirmou que o governo federal está determinado a que não falte nada para a reconstrução, qualificando o quadro como “um oceano de desafios”.

O ministro ainda disse que o atual governo recebeu a “herança da tragédia econômica dos anos do presidente Jair Bolsonaro”, com inflação alta e crescimento fraco.

“Nós temos contornado a situação apesar de um contexto internacional difícil”, comenta Haddad, mencionando os juros elevados do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e seu peso no crescimento brasileiro. “Eu acredito em ‘milagres, mas é preciso levar em conta os freios externos”, argumenta.

Haddad ainda celebra a aprovação de uma reforma fiscal e também diz que há um plano de transformação ecológica, lutando contra o desmatamento e para ampliar energias verdes.

O ministro afirmou que acompanhou a demissão de Jean Paul Prates do comando da Petrobras “de longe”, mas acredita que a mudança ocorreu sobretudo por “razões de relações pessoais” entre Prates e o presidente Lula. Além disso, acrescenta que “não há motivo para se preocupar com a Petrobras.” “Não há mudanças radicais planejadas e a companhia deve executar seu plano de investimentos”, afirma
Haddad também considerou na entrevista que o projeto do governo Lula de explorar petróleo na Amazônia “não é bem compreendido”.

Ele disse que não vê contradição entre objetivos ecológicos da administração Lula e essa empreitada. “Em primeiro lugar porque não acredito que a exploração de petróleo nesta região terá consequências ambientais”, afirma, acrescentando que o real impacto ecológico “não está na exploração, mas na utilização” do combustível.

Segundo Haddad, há investimentos no Brasil para produzir veículos menos poluentes, híbridos ou adaptados aos biocombustíveis locais.

Ele disse que o Brasil fornece ao mundo um petróleo de “boa qualidade”, mas também iniciou um “grande plano de transição ecológica”, com um mix de fornecimento de eletricidade dos mais limpos do mundo.

Questionado no fim da entrevista sobre a possibilidade de ser presidente, Haddad afirmou que não fica pensando em qual cadeira pode ocupar adiante. “Meu trabalho já é suficientemente complexo para que eu nem pense mais no que vem depois”, conclui.