O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu como um “erro trágico” o ataque que matou pelo menos 45 pessoas em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza.
Em discurso no parlamento israelense, Netanyahu disse, “apesar dos nossos maiores esforços para não prejudicar civis inocentes, no domingo à noite houve um erro trágico. Estamos investigando o incidente e obteremos uma conclusão porque esta é a nossa política”.
O Ministério da Saúde de Gaza disse que cerca de metade dos mortos eram mulheres, crianças e idosos. Na segunda-feira, crianças descalças reviraram os escombros enegrecidos enquanto as buscas continuavam.
Israel enfrentou nova rodada de condenações de parte da comunidade internacional, na segunda-feira, 27, pelos ataques na cidade de Rafah, no sul de Gaza, que autoridades de saúde locais disseram ter matado pelo menos 45 palestinos.
A França, um aliado europeu próximo de Israel, disse estar “indignada” com a violência. “Essas operações devem parar. Não existem áreas seguras em Rafah para civis palestinos. Apelo ao pleno respeito pelo direito internacional e a um cessar-fogo imediato”, publicou o presidente Emmanuel Macron no X.
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, afirmou que bombardeios como o de Rafah terão repercussões duradouras para Israel. “Com esta escolha, Israel está espalhando o ódio, a enraizar o ódio que envolverá os seus filhos e netos. Eu teria preferido outra decisão” disse.
O Catar, um mediador entre Israel e o Hamas nas tentativas de garantir um cessar-fogo e a libertação de reféns detidos pelo Hamas, disse que os ataques poderiam “complicar” as negociações.
Os vizinhos Egito e Jordânia, que fecharam acordos de paz com Israel há décadas, também condenaram os ataques de Rafah. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito descreveu o ataque a Tel al-Sultan como uma “nova e flagrante violação das regras do direito internacional humanitário”. O Ministério das Relações Exteriores da Jordânia chamou a ofensiva de “crime de guerra”.
O Alto Representante da União Europeia, Josep Borrell, espera maiores esclarecimentos sobre a forma como o bloco pode implementar a missão de assistência civil nas fronteiras em Rafah, na Faixa de Gaza. Em coletiva de imprensa no contexto da reunião de ministros das Relações Exteriores da UE, ele disse que não é apenas o bloco que tem de decidir, já que egípcios, palestinos e israelenses são também parte da questão.
“Pediram-nos para reativar esta missão, que ainda existe, mas precisamos aumentar o número de funcionários e precisamos de ter um acordo com todos os envolvidos. Não chegaremos a esse ponto sem um forte compromisso da Autoridade Palestina”, afirmou.
“Ontem (domingo) foi dito que uma conferência internacional teria de ser realizada, a fim de impulsionar a implementação da solução de dois Estados. Porque todos dizem que precisamos de uma solução de Dois Estados, mas no final, enquanto as pessoas dizem que os colonos estão ocupando cada vez mais terras na Cisjordânia, a violência continua, e a solução de Dois Estados parece cada dia mais difícil de alcançar. Então, deveríamos começar a falar sobre isso e começar a fazer alguma coisa”, disse Borrell.
“A crise humanitária em Gaza é certamente a prioridade, mas a solução política – se quisermos realmente obter esta solução, temos de nos empenhar mais nisso. Os parceiros árabes têm propostas, queremos ouvi-los. Como sabem, esta é uma questão sobre a qual os Estados-Membros da UE têm abordagens diferentes. Vamos ver o que podemos fazer em conjunto com os parceiros árabes e outros membros da comunidade internacional”, afirmou o diplomata.