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Desemprego recua

EUA criam 303 mil postos de trabalho em março, mais que o esperado

O resultado ficou bem acima do teto das expectativas de analistas consultados, que variavam de 150 mil a 245 mil postos de trabalho, com mediana de 200 mil.

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06 de abril de 2024
Vinicius Palermo
EUA criam 303 mil postos de trabalho em março, mais que o esperado
Pessoas em fila em busca de emprego nos Estados Unidos

A economia dos Estados Unidos criou 303 mil empregos em março, em termos líquidos, segundo relatório publicado na sexta-feira, 5, pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou bem acima do teto das expectativas de analistas consultados, que variavam de 150 mil a 245 mil postos de trabalho, com mediana de 200 mil.

O relatório, conhecido como payroll, mostrou também que a taxa de desemprego dos EUA recuou para 3,8% em março, ante 3,9% em fevereiro. A previsão era de que a taxa permaneceria em 3,9% no mês passado.

O Departamento do Trabalho também revisou ligeiramente para baixo o número de criação de empregos de fevereiro, de 275 mil para 270 mil, mas ajustou para cima o de janeiro, de 229 mil para 256 mil.
Em março, o salário médio por hora teve alta de 0,35% em relação a fevereiro, ou US$ 0,12, a US$ 34,69, variação que ficou um pouco acima da projeção do mercado, de 0,30%. Na comparação anual, houve ganho salarial de 4,14% no último mês, levemente superior à previsão de 4,10%.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Tom Barkin, afirmou na sexta-feira, 5, que o relatório de empregos de março dos Estados Unidos foi “bastante forte”. Em breve declarações no início de um discurso, o dirigente, com direito a voto nas decisões de política monetária deste ano, tratou do tema.

Barkin defendeu que é preciso esperar para ver antes de decidir sobre corte de juros e
afirmou: “Diante de um mercado de trabalho forte, reafirmado nesta manhã, temos tempo para que as nuvens se dissipem antes de começar o processo de reduzir os juros.”

O presidente do Federal Reserve de Dallas, Lorie Logan defendeu na sexta-feira que o BC dos EUA mantenha postura flexível, diante de incertezas no quadro inflacionário. Em discurso na Universidade Duke, ela disse estar “cada vez mais preocupada” com riscos de alta para a inflação no país, embora tenha também citado que a materialização desses riscos não é seu cenário-base atual.

Sem direito a voto neste ano nas decisões de política monetária, Logan destacou o progresso já conseguido na inflação, inclusive em uma economia ainda aquecida. A dirigente disse que “embora uma trajetória benigna de volta à estabilidade de preços siga possível, eu vejo riscos significativos para um progresso continuado” nessa frente.

Logan disse que janeiro e fevereiro trouxeram surpresas para cima na inflação nos EUA, com números “desapontadoramente firmes”.

Para ela, o risco não é de que a inflação volte a acelerar, mas sim que siga no nível atual, sem recuar mais para a meta de 2% do Fed em um intervalo de tempo “adequado”.

Nesse contexto, ela argumentou que seria “muito cedo” para cortar juros, ao privilegiar uma abordagem “flexível” na política monetária, a depender do quadro. Ela também discutiu, em seu discurso, se a política monetária não estaria menos restritiva quanto apontado pela maioria das projeções atuais.

A dirigente tratou ainda da redução do balanço agora em andamento pelo Fed. Segundo ela, é apropriado decidir logo quando desacelerar essa redução, sem interrompê-la. O ritmo na redução pode ser “mais lento, mas ainda significativo”, ponderou, e esse ajuste ajudaria a evitar riscos de solavancos nos mercados.

Logan também comentou, ao tratar do mercado de trabalho, a imigração e a inovação têm continuado a apoiar o lado da oferta da economia. No caso da imigração, suas implicações para a perspectiva econômica dependem, sem dúvida, de quanto durará a onda de chegadas ao país e de outros efeitos na demanda agregada, bem como na oferta agregada de trabalhadores, apontou.

Já no campo da inovação ela afirmou que pode estar havendo “o começo de uma era de crescimento mais forte na produtividade”. Logan disse que a inteligência artificial generativa “tem enorme potencial”, mas acrescentou que ainda não é possível garantir que será concretizado esse aumento potencial na produtividade.